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A corrupção e a hipocrisia

24 de outubro de 2011 - 08:22

* Autora: Márcia de Oliveira

 

Combater a corrupção não é fácil. Além de ser um ato difícil de ser investigado, já que se bem feita não deixa recibo, a corrupção é prima-irmã da hipocrisia, palavra que quer dizer fingimento. O político corrupto sempre se protege com a máscara de bom moço, preocupado com os pobres. Se diz respeitoso com o dinheiro público e se finge de homem amável e carinhoso com seus eleitores. É exatamente o contrário. Ele tem a alma horrenda e rouba dinheiro público em diferentes tramóias. Surrupia dinheiro público que deveria estar nas melhorias das políticas públicas como Saúde, Transporte Coletivo, Segurança, Saneamento Básico, Educação, fornecimento de água, etc etc. O político corrupto nunca age sozinho. Ele é o líder, mas se cerca de homens venais iguais a ele, cobrindo-os de privilégios e favores garantidos com o dinheiro público. Assim cria uma empresa pessoal dentro do sistema público. Com os mais inteligentes do grupo, traça os planos de roubo. Com os menos inteligentes garante uma linha de defesa quase sempre violenta, disposta a sair no braço e no fogo por ele. Estes caras ameaçam, ofendem e espancam quem falar a verdade sobre seu “patrão”. Para o corrupto todo homem tem seu preço e sai investigando a vida dos que poderão atrapalhá-lo. Seu objetivo é comprá-los. Assim vai a busca de jornalistas, delegados, juízes e quem mais quiser se vender para se blindar. Infelizmente alguns desses caras se vendem facilmente. Assim, o corrupto se vê protegido por nunca ver informações perigosas atingi-lo. Raramente vê investigações contra ele terem desfechos concretos. Processos contra ele dormem por anos nas gavetas dos Fóruns e quando atingem esferas maiores chegando aos Tribunais, lá estão também outros que irão protegê-lo. Tanto que eles costumam torcer por seus processos seguirem para “fora” de suas cidades. Lá, dizem, será mais um processo entre milhões e tudo demorará para que ele continue a roubar tranqüilamente. Este comportamento na política brasileira nasceu com a chegada de Cabral ao Brasil. Só que agora, parte consciente do brasileiro — e também no exterior — está se unindo nas redes sociais contra a corrupção. Não somos idiotas. Somos honestos e sabemos que honestidade não é virtude, é dever. Somos pacíficos e pacificamente queremos por fim à corrupção em todas as esferas dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Quanto aos jornalistas vendidos e corruptos, que se defendem dizendo estar só “trabalhando”, cabe ao tal Sindicato dos Jornalistas Profissionais cuidar dos maus. De que forma? Estabelecendo de vez um código de ética que realmente funcione e os puna. Do contrário vamos continuar a ver mentiras virando verdade em jornais, rádios, tevês e blogs dignos de lixeiras, com corruptos se transformando em honestos numa hipocrisia de dar azia a qualquer pessoa de senso crítico e caráter mais ou menos formados. Bom lembrar que a corrupção está em todos os cantos da sociedade brasileira, com empresários que aceitam pagar propina a políticos corruptos, com empresas que aceitam adulterar licitações sujas, etc. E há também o indivíduo de mentalidade corrupta. Aquele que faria o mesmo se estivesse lá no poder. É este cara que sonega imposto (mas não briga por ter uma sociedade melhor e mais justa), que oferece propina ao guarda que multá-lo, rouba energia elétrica e água da rua; dispensa lixo no chão por anda passa, não respeita filas e ainda afirma que a corrupção nunca terá fim. Diz que os que a combatem tem é inveja de quem rouba. Que mente perversa e triste. É o tal analfabeto político de Brecht que diz odiar política, esquecendo-se que política é o que ele veste, come, trabalha, estuda, se locomove, respira e come e dança. O analfabeto tem preguiça de pensar que é vítima do corrupto que o quer eternamente analfabeto. Ah, mas também pode acontecer desse analfabeto político resolver se candidatar em busca de um cargo político para roubar. Por isso não escolha seus políticos pelas palavras apenas. Pesquise seu passado, se for rico, procure saber a origem de sua riqueza. Pondere suas falas comparando seu discurso teórico com sua prática na vida da sociedade. Fique atento e não se esqueça: a corrupção é prima-irmã da hipocrisia.

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