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“A corrupção faz mal”

08 de abril de 2009 - 16:22
 

Numa olhada rápida no dicionário vamos perceber que a palavra corrupção não está acompanhada de sinônimos agradáveis. Lá diz que ser corrupto é estar do lado da podridão, da decomposição, da putrefação, da adulteração, do suborno, etc. Diz também que corromper é se tornar podre, estragado, depravado e pervertido. Desse ponto de vista, termos pessoas corruptas convivendo no meio daqueles que estão do lado do bem, é como manter uma laranja podre num saco de laranjas sadias e boas para o consumo. Depois de certo tempo pode-se colocar tudo a perder.

No entanto, nós, os homens, não somos laranjas, embora muitos “laranjas” são usados para encobrir o roubo e as práticas depravadas que o corrupto realiza. Temos a possibilidade da escolha, isto é, de eliminar esses indivíduos que agem na calada da noite, como ratos, para sempre levar vantagens e passar a mão no que não é deles. Seres sem ética e destituídos de valores morais, esses podres homens-ratos precisam pagar pelo que fazem.

Como sabemos, a corrupção é a suprema perversidade da vida econômica e da vida política de uma sociedade. É a subversão dos valores social e culturalmente proclamados e assumidos como legítimos, bons e desejáveis por ela. A corrupção, seja ativa ou passiva, é a força contrária, o contrafluxo destruidor da ordem social. É a negação radical da ética, porque destrói na raiz as instituições criadas para realizar direitos. A corrupção é anti-ética.

A corrupção pode, em situações extremas e absurdas, chegar a tornar-se a moral estabelecida, a ponto de gerar nos cidadãos o conformismo com o mal social. Se você toma o caso de uma cidade, muitas pessoas consideram normal que maus indivíduos que são suspeitos de fazer do poder público o quintal de sua casa, que continuem controlando e mandando nos cofres públicos. Se você pensa assim, você está errado. Eu disse errado! Ou bem reagimos ativamente e os responsáveis sejam punidos, sem concessões, ou bem a cidade e o país avançam rapidamente para a desagregação, para o caos.

Portanto, indignar-se, resistir e combater a corrupção é um dos principais desafios éticos da política no Brasil, mas achar que outros façam por nós não vai resolver. Precisamos de atitudes, inclusive olhar para nós e observar se não cometemos alguns deslizes que nos desmoralizem na hora de enfrentar os corruptos, que podem nos acusar de tentar tirar o cisco dos olhos dos outros, sem perceber a lasca que tem no nosso.
Otimista, sim, iludido não, penso que ainda podemos resgatar os valores que contribuirão para a construção de um país, de uma cidade, onde as pessoas tenham orgulho de pagar impostos, pois eles serão usados para garantir uma vida digna desde a infância até a boa idade, momento em que teremos a plena satisfação e alegria de ter vivido. Escolher o bem, o justo, o honesto, agir solidariamente e com sensibilidade e abertura para os outros é uma decisão nossa. Então, se sabemos disso, optar por outro caminho ou eleger pessoas que são imorais e devassas é desejar o pior para nós mesmos.

 

Prof. Alonso Bezerra de Carvalho é Doutor em Filosofia da Educação (USP), Pós-Doutor na França e professor da Unesp. E-mail: alonsoprofessor@yahoo.com.br

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