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A prisão dos poderosos

16 de setembro de 2010 - 00:00

A prisão de figurões tem sacudido o país. Em Dourados (MS), foram presos o prefeito, a primeira dama, secretários municipais e a maioria dos vereadores. No Amapá foram para a cadeia o governador, o ex-governador, e 16 outras pessoas influentes. Recentemente, o governador do Distrito Federal foi apeado do poder e amargou mais de um mês de cadeia. Até o Maluf já esteve preso. Isso sem falar de alguns outros fatos isolados envolvendo políticos e empresários, que passaram sem repercussão.

As prisões de poderosos – políticos ou não – envolvidos em ilícitos, proporciona um certo conforto ao povo, que traz arraigada a idéia de impunidade dos ricos e de que cadeia foi feita apenas para pobres e desvalidos, muitos deles autores de crimes famélicos. “O ladrão de galinha ou de um pote de margarina vai para a prisão, mas quem rouba milhões, não” – afirma o inconformismo popular.

A impunidade dos poderosos é decorrência de diversas variáveis. A principal delas é a imensa gama de recursos disponíveis àqueles que podem contratar bons advogados. Há de se considerar, também, que as próprias leis são elaboradas por quem tem poder ou sob a influência deles, que agem de forma corporativa. Resultado: para quem pode, os favores da lei; para o povo, que não pode, os rigores da própria lei…

A Justiça tem agido exemplarmente ao promover e garantir a investigação dos ilícitos cometidos por gente importante, até agora tida pelo povo como imune aos rigores da lei. Essa ação enérgica recupera o sentido da cidadania e restitui a imagem das instituições públicas perante a comunidade. E, nesse sentido, há ainda muito a ser feito em todos os quadrantes nacionais. Décadas de desmandos e maus costumes deterioraram a imagem da autoridade, do poder público e, principalmente, dos poderosos, que passaram a ser vistos, pejorativamente, como “colarinhos brancos”.

O povo espera que os exemplos vindos das altas instâncias se estendam também para estados e municípios, varrendo toda a ilicitude, a safadeza e o mau caráter e que, nessa cruzada, tanto poderosos quanto desvalidos tenham o mesmo tratamento. Apuração responsável e justa, que não prejudique ou persiga ninguém, mas não deixe sem a devida reparação toda a qualquer irregularidade cometida. Não é uma questão de punir ou deixar de punir, mas de apurar a verdade e, através dela, promover a grande reconciliação nacional.

Os dinheiros públicos jamais poderão ir para bolsos particulares. De sua justa e correta aplicação é que dependem a saúde, educação, segurança e outros serviços à sociedade.
Desconfiado, o cidadão comum estranha que as prisões e o começo da faxina nos escaninhos do poder ocorram justo num período eleitoral. Acreditamos, sinceramente, que isso seja apenas coincidência e esperamos que, em breve, cada cidadão tenha o prazer de ver apuradas e justamente reparadas as irregularidades cometidas em seu estado, cidade, bairro e até na rua onde mora…
Chega de impunidade…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br

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