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Câmara de saia justa!

25 de fevereiro de 2015 - 08:57

A mobilização popular é muito importante e tem demonstrado que quando o povo vai às ruas a saia fica justa para os políticos, aqueles que sempre prometem muito e fazem pouco. Sejam eles presidente da República, senadores, deputados federais, deputados estaduais, prefeitos e vereadores. A tônica do discurso é sempre a mesma em campanha eleitoral: lutar pelos direitos e bem-estar da população. Mas nem sempre é assim. A manifestação popular na segunda-feira, na Câmara Municipal de Marília, já deu mostras do que poderá vir pela frente caso o caos impere na cidade diante de tantas necessidades e abandono.

A situação de pandemia provocada pela infestação do mosquito Aedes aegypti em Marília foi o motivo principal dos protestos no Legislativo mariliense. Verdades ecoaram pelo plenário da Câmara deixando os vereadores encolhidos e pressionados, já que a maioria é a bancada aliada do prefeito Vinícius Camarinha. Ou seja, o caminho direto para aprovação de tudo o que for de interesse da Prefeitura, mesmo que não atenda os interesses da população. A questão da pandemia de dengue que está matando pessoas é crucial e justifica os protestos no Legislativo, mesmo porque a cidade está apavorada com tantas mortes, mesmo que a Secretaria de Saúde do município e a assessoria de imprensa do prefeito escondam os números reais de doentes e de falecidos, tentando minimizar a situação de pânico na cidade.

Mas não foi por acaso que se chegou a esta situação deplorável, a ponto do prefeito Camarinha decretar estado de emergência, o que lhe permitiu contratar, sem licitação, empresa para fazer um serviço que já deveria estar sendo feito desde o final do ano passado, quando a Sucen já tinha alertado para o risco da epidemia na cidade. Aliás, o Ministério da Saúde tinha alertado no início de novembro do ano passado sobre o risco de epidemias de dengue em 167 municípios com população acima de 50 mil habitantes.

O infectologista Artur Timerman falou ontem de manhã no programa Bem Estar, da TV Globo, que dentre essas cidades estava Marília. Para ele isso já era previsível e o que se está vendo agora nada mais é do que a constatação “de morte anunciada”. É também a constatação de que a administração municipal ignorou o alerta do Ministério da Saúde, nada fez e assim permitiu que a pandemia tomasse conta da cidade com elevado número de infectados e de mortes. Cabe ação de responsabilidade através do Ministério Público Federal.

A neurose na administração municipal por economia, cortes de gastos e economia de guerra acabou relegando o problema grave da infestação do mosquito transmissor da dengue para segundo plano. Faltou ação imediata, responsável e competente. Se tivesse feito a prevenção Marília não estaria vivendo hoje o pânico da pandemia e muitas mortes teriam sido evitadas. Uma das vítimas, Marilene de Carvalho Gianvecchio, de 78 anos, que morreu no sábado passado, morava em casa vizinha da Secretaria da Saúde, na avenida República.

Uma prova da falta de ação preventiva até mesmo no local onde fica o secretário da Saúde (que, aliás, já se comenta que está prestes a deixar o cargo). As faixas e os brados de protestos na Câmara Municipal demonstraram a insatisfação da população em relação à atuação da Prefeitura e do Legislativo. Alguns vereadores perderam a compostura na discussão com populares. Pronunciamento da representante do movimento, Gabriela Angélico foi enfático ao ressaltar a nulidade do combate ao mosquito Aedes aegypti em Marília, lembrando as responsabilidades civil e criminal, criticando inclusive as “informações falsas” sobre a pandemia na cidade, divulgadas pela Prefeitura Municipal, que em vez de investir e agir há muito tempo no combate ao transmissor da dengue, preferiu já agendar show sertanejo para comemorar o aniversário da cidade em abril com a dupla milionária Chitãozinho & Xororó. Afinal de contas, somente depois da “porta arrombada” e a instalação da pandemia de dengue é que a Prefeitura começou mutirão de limpeza e a operação fumacê. Somente na última segunda-feira começou a passar o veneno em alguns bairros da cidade.

O presidente da Câmara, Herval Seabra tentou justificar, dizendo que medidas estão sendo tomadas e que a Sucen fez aplicação do inseticida. Na verdade, a Sucen não fez aplicação nenhuma e essa tarefa que antes era da Sucen, agora é de responsabilidade da Prefeitura Municipal. A população está mobilizada na campanha de combate à dengue e também está de olho nas ações da Prefeitura e da Câmara de Vereadores. Não se descartam novas manifestações e protestos!

Editorial do Jornal da Manhã – 25/02/2015

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