Notícias

Busca

MATRA

Candidatos à Câmara por SP doam mais do que têm

09 de setembro de 2010 - 00:00

Dez candidatos a deputado federal de São Paulo deram às próprias campanhas mais dinheiro do que disseram ter. Em três casos, disseram à Justiça Eleitoral não ter bem algum, mas estão bancando parte de suas campanhas com recursos próprios.

A Folha identificou esses casos ao cruzar as prestações de contas divulgadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta semana com a declaração de bens que cada candidato apresentou quando registrou a candidatura.

Na prestação de contas, o político não é obrigado a informar os nomes dos doadores de sua campanha –isso só vai ser obrigatório após a eleição–, mas precisa discriminar se o dinheiro veio de doações de pessoas físicas, empresas, de partidos ou de recursos próprios.

Os candidatos ouvidos pela Folha disseram que o dinheiro é de empréstimos, referentes à venda de imóveis ou de saques feitos em suas próprias empresas.

O caso mais emblemático é o de Chinelo (PSB), como é conhecido José Avelino Pereira, diretor afastado do Sindicato dos Metalúrgicos de Itatiba e ex-vice-prefeito de Clementina (516 km de São Paulo), região de Araçatuba.

Ao registrar sua candidatura, Chinelo informou que não tinha nenhum bem. Mas ele já colocou do próprio bolso, nos dois primeiros meses da campanha, R$ 90 mil.

Em 2006, quando também concorreu a deputado federal, Chinelo gastou R$ 49,1 mil do próprio bolso. Teve 21,9 mil votos.

Outro exemplo é do publicitário Chico Santa Rita, marqueteiro da campanha de Fernando Collor em 1989.

Candidato a deputado federal pelo PV, Santa Rita declarou não possuir nenhum bem em seu nome, mas já bancou R$ 13,8 mil de sua campanha com dinheiro do próprio bolso.

Dos 10 candidatos listados, 7 têm bens que superam o valor aplicado nas campanhas. O que eles não teriam, segundo registro no TSE, é dinheiro vivo suficiente para cobrir o que usam na eleição.

Há casos como o deputado Carlos Sampaio (PSDB), que informou ter injetado R$ 200 mil em recursos próprios na campanha, mesmo tendo apenas R$ 8,6 mil entre depósitos bancários, aplicações e dinheiro vivo quando registrou a candidatura.

Situação parecida com a do empresário Eduardo Palhares (PV), que informou em sua declaração de bens ter R$ 1,7 mil em dinheiro, mas já gastou R$ 182 mil do próprio bolso na campanha.

Também está nessa situação o empresário Guilherme Mussi (PV), que bancou R$ 110 mil, mas disse à Justiça Eleitoral ter R$ 2,4 mil em dinheiro ou depósitos.

OUTRO LADO

Empréstimos ou a venda de imóveis explicam as divergências entre as prestações de contas e as declarações de bens, dizem os candidatos.

O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB) declarou que os R$ 200 mil que ele colocou na campanha até agora é fruto de um empréstimo feito por seu pai.

"Em toda campanha alguém da família me ajuda. Dinheiro vivo eu não tenho, mas tenho renda mensal para bancar os empréstimos", declarou o parlamentar.

O empresário Eduardo Palhares (PV) disse que fez retiradas de suas empresas para bancar sua candidatura.

Já o ex-deputado federal Luciano Zica (PV) disse que vendeu um imóvel e fez dois empréstimos para investir na campanha.

Fonte – Folha de SP

Comentários

Mais vistos