Carnaval 2012: Sem apoio financeiro, escolas de samba ameaçam cancelar desfile
Sem apoio financeiro, escolas de samba ameaçam cancelar desfile
TRADICIONAL desfile de carnaval, que ocorre há mais de 60 anos em Marília, não deve ser tão colorido como nas edições anteriores.
Isso porque a maioria das seis escolas e blocos sofre com a falta de recursos para a preparação das alas e fantasias. Os ensaios estão paralisados e uma das mais tradicionais agremiações, a Corinthians do Sapo, ameaça até mesmo cancelar o desfile.
“Contávamos com a ajuda da Prefeitura, que se negou a fazer qualquer tipo de repasse faltando apenas 20 dias do desfile. Alguns patrocínios já foram fechados, mas ainda precisamos de R$ 10 mil para finalizar nossa estrutura de percussão e apoio. Se optarmos por cancelar o desfile, vamos devolver tudo o que já conseguimos para os colaboradores”, afirmou Nelson Coelho Andrade, presidente da Corinthians do Sapo.
A situação é tão crítica, que se cancelar mesmo o desfile, Andrade estuda ação judicial contra a Prefeitura por perdas e danos, visto que muitos investimentos já foram feitos. “Desde o ano passado estamos investindo. Elaboramos enredo, gravamos o CD de enredo e adquirimos materiais diversos. A 20 dias do desfile que soubemos que a verba para a Cultura não sairia. É um descaso”, lamentou.
No bloco Guerreiros do Tigrão, a necessidade também é evidente. O presidente do bloco, Washington Neto, adiantou que ainda aguarda o posicionamento de empresas para conseguir colocar em prática a programação dos blocos. “Para fazermos um bom desfile, precisamos de R$ 20 mil. Para chegarmos a este montante estamos acionando diversas empresas e aguardando respostas. Estamos confiantes e certos de que vamos conseguir”, pontuou.
Situação igualmente crítica é apresentada no bloco União Bandeirantes, conforme revelou o presidente Valdir Salustiano. “Em 2010 tivemos um prejuízo de quase R$ 6 mil. Neste ano não vamos arriscar fazer desfile e depois ficar com ainda mais dívidas. Estamos pedindo apoio financeiro de empresas e até sexta-feira teremos uma posição. Precisamos arrecadar R$ 8,5 mil”.
Também luta com a falta de apoio o Grêmio Recreativo Mocidade Alegre JK. Para levar os 150 integrantes do bloco para a Sampaio Vidal, diretoria precisa de pelo menos R$ 10 mil. “Dependemos exclusivamente de apoio de patrocínio e se não atingirmos nossa meta, o jeito será cancelar tudo e esquecer o carnaval”.
O presidente do Bloco Mancha Azul, Bruno de Souza, acrescentou que a qualidade do desfile vai depender do valor arrecadado. “Vamos para a avenida de qualquer forma. Estamos obtendo apoio importante de outras escolas e isso nos ajuda a vencer as adversidades. Nossos trabalhos estão concentrados na captação de recursos e isso que vai determinar a qualidade do nosso desfile”.
De todas as escolas ouvidas pela reportagem, situação menos crítica é da Nova Marília. “Os ensaios ainda não começaram, mas os preparativos estão a todo vapor. Buscamos ajuda da iniciativa privada, mas vamos desfilar de qualquer forma. Não podemos deixar a alegria do carnaval acabar”, concluiu.
Cultura aguarda definição
A secretária municipal da Cultura, Iara Pauli, adiantou que aguarda uma posição final dos representantes das escolas e blocos sobre a participação no carnaval, que deve ocorrer nos dias 18 e 20 de fevereiro. “A Prefeitura vai fornecer a estrutura mínima, como o isolamento da avenida, jurados, troféus, sistema de iluminação, banheiros químicos, entre outros. As escolas precisam agora fazer a parte delas, já que abrimos até mesmo a possibilidade de utilização de patrocínio em seus desfiles”.
Ela acrescentou que aguarda definição de todos os representantes das escolas de samba até às 17h de sábado (27). “Marília é uma das poucas cidades que têm os desfiles de Carnaval. Já é tradicional e faz parte do calendário cultural do município. Esperamos que todas elas participem novamente”, concluiu. A organização do desfile na avenida será da Secretaria Municipal da Cultura, e que contará com apoio da Secretaria Municipal de Obras Públicas, Serviços Urbanos, Agricultura e Emdurb .
Fonte: Jornal Correio Mariliense