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Com habeas corpus, Cachoeira não depõe em processo contra Perillo

18 de abril de 2013 - 12:16

O juiz da 5ª Vara da Justiça Federal de Goiás, Alderico Rocha Santos, ouviu, na tarde desta quarta-feira (17), seis das sete testemunhas indicadas no processo que investiga suposta ligação do governador do estado, Marconi Perillo (PSDB), com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Peça-chave do inquérito, Cachoeira conseguiu um habeas corpus para não comparecer à audiência, em Goiânia.

Cachoeira foi intimado como testemunha. Mas seu advogado, Nabor Bulhões, entrou com recurso alegando que o contraventor não se enquadra como testemunha, pois é um dos citados na investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O argumento foi aceito pelo ministro relator do processo Humberto Martins.

Nos depoimentos desta quarta, Alderico Rocha Santos e o procurador da República Daniel Salgado questionara as testemunhas, principalmente, sobre a venda da casa do governador em um condomínio de luxo em Goiânia, onde Cachoeira morou por seis meses até ser preso pela Operação Monte Carlo, em 29 de fevereiro do ano passado. Dois depoentes pediram para permanecer em silêncio, o que foi acatado pelo juiz.

Primeiro a se apresentar foi o ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia, Wladimir Garcez, apontado como corretor da venda da casa de Perillo. Condenado no processo da Operação Monte Carlo, ele respondeu as duas primeiras perguntas da seguinte forma: "Peço para usar o meu direito constitucional de ficar calado". Em seguida, foi dispensado.

No início da audiência, o advogado de Garcez, Ney Moura Teles apresentou ao magistrado a mesma justificativa da defesa de Cachoeira: "Apesar de ter sido convocado na condição de testemunha, Garcez é sujeito da própria investigação". Daniel Salgado reconheceu "em parte" a condição de investigado do ex-vereador, "especialmente pelo fato das apurações se encontrarem no início".

Em seguida, o ex-diretor da Delta Construções, Cláudio Abreu, pelos mesmos motivos de Garcez e Cachoeria, também pediu para ficar calado. No entanto, respondeu de forma vaga algumas perguntas, alegando não saber sobre como se deu a venda da casa de Perillo. Questionado sobre escutas telefônicas nas quais aparece supostamente negociando com o contraventor pagamentos ao governo, ele disse não reconhecer os diálogos.

Ex-presidente do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO), Edivaldo Cardoso confirmou conhecer Cachoeira, mas disse não saber nada sobre a negociação da casa. Questionado pelo advogado de Perillo, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, sobre sua indicação a cargos na administração estadual, ele respondeu que elas se deram por questões políticas, por meio do Partido Trabalhista do Brasil (PTB), do qual é presidente, para compor a base do governo.

O empresário Walter Paulo, comprador da casa de Perillo, reafirmou, como em depoimentos anteriores, ter pago R$ 1,4 milhão pelo imóvel em um condomínio de luxo da capital. Ele alega ter feito o pagamento à vista, em dinheiro, a Wladimir Garcez, que teria comparecido em sua residência acompanhado de um representante do governador.

De acordo com ele, o dinheiro para a compra da casa foi obtido por meio de empréstimo feito em nome da empresa Mestra, da qual é administrador. Questionado sobre as atividades da empresa, ele respondeu que "o objetivo era faturar", lucrar comprando e revendendo lotes e casas.

Walter Paulo alega que Garcez, logo após a compra, pediu a casa emprestada para uma amiga por 45 dias. "Ele disse que ela estava construindo no mesmo condomínio. Seria só até a casa dela ficar pronta", justificou. O empresário disse que apenas após as denúncias ficou sabendo que a "amiga" se tratava de Andressa Mendonça, a mulher do contraventor.

Procuração

No entanto, o emoresário admitiu ter passado uma procuração para Andressa. "O documento era necessário para que ela entrasse e saísse do condomínio", disse o empresário.

Os ex-sócios da empresa Mestra também foram ouvidos. Ambos disseram não ter conhecimento de como se deu a venda casa.

Ao fim da audiência, o advogado de Marconi Perillo falou à imprensa e fez um balanço positivo das alegações das testemunhas. Disse que a investigação foi pedida pelo próprio governador "para jogar uma pá de cal sobre esse assunto que já foi exaustivamente falado".

Apesar de Walter Paulo dizer que pagou a casa em dinheiro, "em pacotinhos de R$ 50 e R$ 100", Kakay reafirmou aos jornalistas que o governador recebeu o valor de R$ 1,4 mil em cheques, mas preferiu não dar detalhes sobre a quantidade e procedência dos mesmos. Ele alegou que o dinheiro, segundo o próprio comprador, foi dado ao corretor do imóvel. "Não vou discutir a postura de Wladimir", disse o advogado.

O juiz Alderico Rocha Santos explicou que cumpriu nesta tarde uma determinação do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Humberto Martins, que expediu uma carta de ordem para que a Justiça de Goiás ouvisse as testemunhas. As alegações serão enviadas ao STJ, que deverá abrir prazo para a Procuradoria Geral da República (PGR) analisá-las antes de decidir se moverá ou não uma ação penal contra o governador.

Fonte: G1

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