Comus conhece postos a serem fechados
A atual gestão do Comus (Conselho Municipal de Saúde), eleita há oito dias, esteve ontem nas USFs (Unidades de Saúde da Família) Marajó e Santa Paula para conhecer a estrutura dos imóveis que serão desocupados neste mês. O fechamento dos postos teve a aprovação dos antigos conselheiros em função do projeto de adequação do atendimento na chamada “Clínica Saudável”.
As duas USFs terão as portas fechadas em alguns dias, mas seus profissionais de saúde passarão a atuar em conjunto com a da USF Jóquei Clube, que passa por reforma. A unidade do Jóquei vai virar Clínica Saudável, um projeto inédito em Marília que visa disponibilizar, em sistema de rodízio, uma equipe plantonista exclusivamente para as demandas espontâneas, ou seja, necessidades dos pacientes que não estavam previstas nem foram agendadas.
Na gestão atual do Comus, existem muitos conselheiros novos e houve interesse em acompanhar a maior polêmica atual da Saúde Municipal. “Quando os novos conselheiros assumiram, o primeiro questionamento foi sobre o fechamento das USFs Santa Paula e Marajó”, disse o secretário municipal da Saúde, Julio Cezar Zorzetto.
“A saúde pública no Brasil é precária, necessitando de mais investimento. Nosso trabalho visa acompanhar e proteger os direitos da população, que tem demonstrado insatisfação com o fechamento das duas unidades de saúde. No entanto, os imóveis que abrigam as USFs Santa Paula e Marajó são incompatíveis com as necessidades de um serviço de saúde. O projeto pretende transferir as duas comunidades para uma estrutura melhor”, disse o conselheiro do Comus e conselheiro fiscal da Matra (Marília Transparente), Nilson Borges da Silva.
Manutenção das vagas
O vice-presidente do Comus, Vanderley Scaquete, que representa as associações de bairro, sendo presidente da Associação de Moradores do Jardim América IV, destacou a manutenção das vagas de atendimento, o que é o fato mais importante diante dessa transferência das comunidades para a USF Jóquei Clube, que vai virar Clínica Saudável.
Segundo o vice-presidente, o afunilamento da Saúde com o fechamento de duas portas de entrada da rede básica era sua maior preocupação. No entanto, a Secretaria Municipal da Súde garantiu que as mesmas equipes que atendem às comunidades do Santa Paula e do Marajó continuarão respondendo por elas no novo endereço, assim como a equipe do Jóquei Clube vai continuar atendendo aos moradores dessa área.
Segundo foi apresentado pelo gestor, a mudança está no endereço, com ambiente “mais amplo, adequado e digno ao atendimento de saúde” e na disponibilidade de uma equipe inteira para atender às demandas espontâneas. “Todos os moradores dessa párea de cobertura que chegarem na Clínica Saudável serão atendidos pela equipe que estiver de plantão naquele período do dia. Já os agendamentos continuarão sendo feitos com a equipe que a comunidade já está acostumada”.
O vice-presidente do Comus afirmou que a eficácia do novo projeto será acompanhada para fins de cobranças futuras caso a população não esteja sendo bem atendida. “Essa gestão atual do conselho visa estabelecer um vínculo maior com a comunidade, inclusive com material de divulgação nos postos de saúde para que os usuários nos conheçam e nos procurem”. A presidente do Comus eleita na última semana, Virginia Balloni, não compareceu à visita às USFs envolvidas no projeto Clínica Saudável porque estava fora de Marília ontem.
Distância inconveniente
A distância entre a USF Jóquei Clube e os bairros Marajó e principalmente Santa Paula, além das adjacências, é hoje o maior problema em relação à transferência do atendimento. A população, de baixa renda, alega que vai ter dificuldade de locomoção até o posto, o que vai afetar especialmente gestantes, idosos, crianças e pessoas doentes ou com mobilidade reduzida.
O gestor da Saúde afirma que a Clínica Saudável terá, além de um veículo comum como já têm as demais unidades, uma perua combe ou van especialmente para transportar esses pacientes. Segundo ele explicou, a clínica vai buscar diariamente todos os pacientes agendados que dependem do transporte e, ao final do atendimento, eles serão levados de volta para casa.
Fonte: Jornal da Manhã – 02/02/2012