Conselho de Ética é palco de chantagens, ameaças e manobras
O Conselho de Ética da Câmara virou, na tarde desta terça-feira, espaço público de manobra política, de chantagens e ameaças. A sessão estava marcada para eleger o novo presidente do colegiado, para os próximos dois anos, mas nem terminou. O acordo entre o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o PDT para eleger o novato e desconhecido deputado Marcos Rogério (PDT-RO) presidente do conselho não vingou. Tudo porque o deputado Ricardo Izar Júnior (PSD-SP) lançou sua candidatura avulsa e era o favorito na disputa, que foi adiada para terça-feira da semana que vem.
Henrique Alves interveio diretamente no andamento dos trabalhos. Com a reunião do conselho já iniciada, ele ligou para o presidente do órgão, José Carlos Araújo (PSD-BA), que suspendeu a sessão momentaneamente e atendeu o telefone da cadeira onde presidia a sessão. — Um momento. É uma ligação da presidência —disse Araújo.
Alves tentava dissuadir o presidente a continuar a sessão. Depois da ligação, Araújo fez um apelo a Izar para renunciar à sua candidatura. — Não retiro. Mantenho — respondeu Izar. O líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), foi até a comissão e tentou de todas as maneiras dissuadir Izar Júnior a renunciar sua candidatura alegando que havia um acordo político entre os partidos e que deveria ser mantido. Cunha fez ameaças diretas ao PSD e disse que, se Izar fosse eleito, o partido iria ser prejudicado na votação do projeto que cria cargos para a legenda e também perderia a corregedoria da Câmara.