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CORRUPÇÃO

17 de agosto de 2011 - 08:51
 
 
*Carla Patrícia Ferreira Isidoro 
 
Segundo Marchado de Assis “a vaidade é o princípio da corrupção”. Considerando essas palavras, poderíamos refletir sobre diversas atitudes corruptivas que tomamos ao longo de nossas vidas pela necessidade de nos sentirmos melhores que os outros.

A palavra CORRUPÇÃO deriva do latim corruptus, que significa “quebrado em pedaços”, “apodrecido”, “pútrido”. Portanto, CORROMPER significa “tornar-se pútrido”. Nos dicionários atuais, encontramos o seguinte significado para corrupção: “ação de seduzir por dinheiro, presentes, etc., levando alguém a afastar-se da retidão; suborno”. O verbo corromper, por sua vez, significa “alterar; adulterar; subornar; deteriorar-se; perverter-se; depravar-se”.

Os brasileiros, de um modo geral, quando pensam em corrupção, generalizam o termo e o associam apenas aos governantes, funcionários públicos ou empresários direta ou indiretamente envolvidos com as questões referentes à política. De fato, os grandes escândalos anunciados pela mídia nacional e internacional estão, na maioria das vezes, relacionando os grupos citados acima em tal situação.

No entanto, mesmo lendo, ouvindo e vendo essas e muitas outras notícias sobre a corrupção política nacional, somos omissos quanto a essa situação. Não nos escandalizamos mais, até porque esses passaram a ser fatos corriqueiros.

A questão é: por que tanta passividade? Poderíamos arriscar a seguinte resposta: a corrupção faz parte do nosso cotidiano e, portanto, não nos sentimos moralmente à vontade para cobrarmos algo sobre os outros. A corrupção faz parte da nossa cultura. Vejamos os seguintes exemplos:

Se observarmos os valores morais defendidos na maioria das famílias brasileiras, verifica-se que são distorcidos em alguns momentos. As crianças aprendem que só são melhores se forem mais espertas que as outras, entendendo-se por “espertas” aquelas que conseguem alcançar seus objetivos por meios não éticos. Nesse sentido, os pais justificam que, dessa forma, estão protegendo seus filhos de um mundo “perverso”.

Quando testemunhamos atos lascivos no ambiente de trabalho, não denunciamos com a desculpa de protegermos as pessoas que poderão perder seus empregos.
Pagamos preços mais baratos por mercadorias e mão-de-obra de indivíduos que se oferecem a prestar um serviço em seu horário de lazer, ao invés de contratar a empresa onde ele trabalha, com a justificativa de que precisamos economizar dinheiro ou gastar a diferença em outras situações.

Utilizamos nosso horário de trabalho para fazermos outras coisas que não são pertinentes àquela função para a qual somos pagos, com a justificativa de que não temos tempo para cumprir todos os nossos afazeres em tempo hábil.

Chegamos atrasados, ou ainda, saímos mais cedo e pedimos ao nosso colega que passe nosso cartão pelo relógio eletrônico, quando deveríamos cumprir a carga horária combinada, com o pretexto de que tivemos um contratempo ou teremos compromisso.

Pegamos atestados médicos falsos, de profissionais igualmente corruptos, para justificar nossa ausência no emprego e não sermos descontados por isso.

Compramos pesquisas, trabalhos, provas, monografias mediante pagamento em dinheiro ou através de favores com a desculpa de que não temos tempo para isso e assim garantimos uma boa nota.

E se pensamos em ocupar um cargo público, na maioria das vezes, pensamos nos benefícios oficiais e extra-oficiais que ele nos oferece, e não porque nos identificamos com a função. Ou pior, pretendemos nos tornarmos homens políticos porque pensamos: “se eles roubam, eu também posso roubar”.

Por isso somos omissos, por isso não cobramos atitudes éticas e transparentes de uma forma efetiva.

Se quisermos que o Brasil saia da septuagésima (70°) posição no ranking da corrupção mundial, entre 160 países apontados como os mais corruptos do mundo pelo levantamento da Kroll Associates (multinacional de gerenciamento de risco econômico, social e político), precisamos agir agora.

Não podemos continuar vendo a corrupção empresarial, política e cotidiana como algo corriqueiro. Precisamos mudar nossos próprios atos em relação ao outro para que possamos mudar a nós mesmos.

Precisamos nos conscientizar de que uma nação forte depende de uma sociedade disposta a trabalhar e progredir intelectualmente e moralmente. Devemos adotar a honestidade como algo intrínseco ao indivíduo para que os corruptos sintam vergonha de seus atos. Devemos punir ao invés de aplaudir atitudes eticamente duvidosas. Devemos denunciar qualquer ato doloso de qualquer dimensão.
Devemos deixar de silenciar nossa indignação.

Só assim seremos fortes. Só assim seremos confiáveis. Só assim alcançaremos a redenção.


* Mestre em Ciências Políticas e Sociais e docente dos cursos de Administração, Letras e Pedagogia da FJB.

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