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Corrupção no DF: Investigação pode chegar a Roriz

08 de março de 2010 - 00:00

Os depoimentos de três delegados da Polícia Civil de Brasília, um deles já aposentado, abriram uma nova frente de investigação no inquérito 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Esse é o inquérito que estourou o esquema de corrupção no governo do Distrito Federal, que ficou conhecido como "mensalão do DEM e entra nesta semana na sua fase decisiva. Informações fornecidas pelos policiais levam as investigações para o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), que tentará voltar ao poder neste ano, e o ex-governador interino Paulo Octávio, que assumiu o cargo após a prisão do governador José Roberto Arruda, mas renunciou na esperança de sair do foco das denúncias.

O elo entre os dois é o policial aposentado Marcelo Toledo, apontado pela Operação Caixa de Pandora como um dos principais operadores do esquema de distribuição de propina no governo do DF. A máquina de cobrança de empresas para alimentar o esquema teria sido montada com a participação direta de Toledo desde o governo Roriz (1998-2006) e preservada por Arruda até ser desmantelada, em novembro passado.

O esquema foi revelado após acordo de delação de Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo, também policial e cúmplice de Toledo desde o início. Com o cerco se fechando, Toledo negocia acordo de delação em troca de benefícios penais. O Ministério Público avalia se ele está disposto a apresentar as provas de que dispõe contra Roriz e Paulo Octávio. Mas o acordo só será fechado, conforme apurou o Estado, se o MP considerar que atende o interesse público. A Polícia Federal vem dando segurança discreta ao policial.

Consideradas "provas novas" da maior relevância pela vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, os depoimentos dos três delegados foram anexados ao inquérito. Ouvidos pelo Núcleo de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público do DF, os delegados Celso Ferro, Cícero Jairo Monteiro e Marco Aurélio de Souza disseram que o então governador José Roberto Arruda interferiu diretamente em operações da Polícia Civil e puniu policiais que investigavam seu governo.

Um dos exemplos dessa interferência aconteceu na Operação Tucunaré, revelada pelo Estado na semana passada e que mostra a ligação de Toledo com um grupo de doleiros num esquema para enviar propinas arrecadadas no governo do DF. O principal doleiro do esquema é Fayed Antoine Traboulsi, investigado em escândalos de corrupção no governo Roriz. A outra operação, batizado de Tellus, investigava desvios na Secretaria de Desenvolvimento, comandada na época pelo vice-governador, Paulo Octávio.

Os delegados citam ainda um terceiro inquérito obstruído por Arruda, a Operação Terabyte, que investigou um grupo especializado em cobrar propina só nos negócios milionários da área de informática.

Fonte: Jornal O Estado de SP

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