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Deputada do PMDB recebeu dinheiro desviado do Turismo, afirmam investigados

12 de agosto de 2011 - 08:17
A investigação da Polícia Federal que resultou na prisão de mais de 30 pessoas envolvidas direta ou indiretamente ao Ministério do Turismo, comandando por Pedro Novais (PMDB), revelou outras fraudes em convênios da pasta e o envolvimento de uma deputada no suposto esquema.
 
Segundo o Ministério Público Federal, além do Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável), que teria desviado cerca de R$ 3 milhões dos R$ 4,45 milhões destinados para um convênio que teria a finalidade de prestar serviços de capacitação aos servidores da pasta, também a Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística (Conectur) está sendo investigada.
 
Um dos convênios com a cooperativa foi firmado em 1º de dezembro de 2008, no valor de R$ 2,75 milhões, para realização de estudos e pesquisas sobre logística no turismo no Estado do Amapá. Todo o recurso foi repassado numa única parcela no dia 24 de abril de 2009.
 
Em depoimento, o vice-presidente da Conectur, Errolflyn Paixão –que teve prisão temporária decretada durante a operação– afirmou que ouviu do próprio presidente da cooperativa, Wladimir Silva Furtado (que também foi preso), que os serviços não seriam prestados.
 
O dinheiro entraria na conta da Conectur e de lá seria encaminhado para a deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP), que é a autora da emenda que deu origem aos convênios suspeitos. Segundo o MP, não há indícios contra a deputada e ela não está entre os investigados.
 
Segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”, porém, outros três presos na operação teriam citado a deputada. De acordo com os relatos, Fátima Pelaes teria montado um esquema no Amapá para levar recursos públicos para ela própria e para a campanha à sua reeleição no ano passado. 
 
Um dos depoimentos é de Merian Guedes de Oliveira, que seria secretária da Conectur. Segundo ela, Wladimir Furtado disse que a deputada ficaria com os recursos do Turismo e que nenhum valor ficaria com a cooperativa. Um outro depoimento, do sobrinho de Furtado, confirma a versão da secretária. O sobrinho aparece na investigação como tesoureiro da Conectur. Segundo ele, "seu tio falava que ganharia 10% do total e a deputada federal Fátima Pelaes ficaria com aproximadamente R$ 500.000,00 do total", ainda segundo reportagem do Estado. O outro depoente é Hellen Luana Barbosa da Silva, que teria dito que a deputada indicou o Ibrasi para receber parte do dinheiro para financiar sua campanha à reeleição.
 
Outro lado
Procurada para comentar as acusações, a deputada federal Fátima Pelaes considerou “levianas” as declarações de Paixão. Ela disse ao UOL Notícias que abriria seu sigilo bancário para provar que nunca recebeu dinheiro da Conectur. Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, ele negou as acusações de todos os depoentes.
 
“O Errolflyn [Paixão] está sendo leviano e querendo jogar tudo para cima de alguém”, disse. “Se alguém fica sabendo de algo tão grave assim e não faz nada no mínimo é conivente”, disse.
 
Paixão negou envolvimento no caso, embora estivesse na vice-presidência da cooperativa. Segundo ele, desde 2006, quando foi candidato ao governo do Amapá pelo PT, deixou de frequentar a Conectur, embora não tenha se desligado legalmente. “Reconheço que foi um erro não ter pedido legalmente meu afastamento”, disse à reportagem, confirmando o depoimento à PF.
 
Paixão é fundador do PT no Amapá, secretário-adjunto do Sindicato dos Servidores Públicos Federais, vice-presidente estadual do PT e faz parte da direção nacional da CUT. “Não me envolvi em nada, não assinei nada, não tenho nenhuma participação nisso, tenho uma história de luta no Amapá e vou continuar com minha luta implacável contra a corrupção”, afirmou.
 
A deputada alegou ainda que não tem relação nenhuma com o presidente da Conectur. “Conheço o Wladimir, mas há muito tempo não o vejo. Ele não é das minhas relações, não faz parte do meu grupo político e prova disso é que a mulher dele foi candidata a deputada federal em 2010. Se ele fosse do meu grupo teria me apoiado e não lançado sua esposa para concorrer ao mesmo cargo que eu.”
 
Wladimir Silva Furtado foi prefeito de Ferreira Gomes (AP) no período de 1996 a 2000. Suas contas foram julgadas irregulares pelo Tribunal de Contas da União na prestação de contas de um convênio de R$ 100 mil firmado entre a Prefeitura de Ferreira Gomes e o Ministério do Meio Ambiente, em 1999, para a melhoria das condições de coleta de lixo, a recuperação de uma praça, o desenvolvimento de ações de educação ambiental e o incentivo ao ecoturismo.
 
O TCU constatou que R$ 70 mil foram aplicados na compra de uma caçamba para coleta de lixo. Mas não foi comprovado o destino dos R$ 30 mil restantes.
 
A Conectur aparece também nas investigações de outro convênio por suas ligações com o Ibrasi. A cooperativa é acusada de participar do esquema como uma das “empresas terceirizadas” apontadas pelo Ibrasi para receber por serviços não prestados e teria apresentado prestação de contas com base em documentos falsificados.
 
Fonte: Uol noticias – 11/08/2011 – 20h34 / Atualizada 11/08/2011 – 21h23

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