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MATRA

…E a sociedade perdeu a paciência…

01 de julho de 2013 - 11:33

Num contexto de avanços sociais e democráticos inequívocos, mas com negação de direitos básicos à cidadania, como baixa e complicada mobilidade urbana e precários serviços públicos, principalmente em saúde, segurança e educação, além da insuportável lentidão da Justiça nos casos de improbidade administrativa e crimes contra a ordem pública, que não vinham fazendo parte da agenda dos governos federal, estadual e municipal, a população perdeu a paciência e resolveu acelerar essas lutas, almejando conquistas por meio de pressão popular, o temor dos políticos.

O momento foi o da Copa das Confederações, que colocou o Brasil em foco mundialmente e foi disparado pelo aumento das tarifas do péssimo transporte coletivo oferecido à população, principalmente nas regiões metropolitanas das grandes cidades, aumento esse que havia já sido negociado com o movimento social e que não deveria ocorrer. Contribuiu para o disparo do movimento, o contraste entre obras de estádios construídos também com recursos públicos e subsidiados, “padrão FIFA”, com a ausência das obras de infra-instrutura urbanas prometidas e que deveriam ser o subproduto bem vindo das obras dos estádios.

A partir daí, o que se viu foi uma maciça e intensa manifestação, num espectro de agenda em que sobressaíram, sem dúvida, um basta a má qualidade dos serviços públicos oferecidos hoje à população, uma intolerância absoluta à corrupção, uma oposição à inversão de prioridades nacionais e a forma como todos os partidos têm exercitado a política, voltando as costas para a agenda mais legítima da população e do movimento social organizado.

Ao iniciar as manifestações, o Movimento Passe Livre não fazia ideia do que estava disparando. As consequências imediatas dessa mobilização, que continuam, foram a revogação dos aumentos autorizados das passagens urbanas, além de uma mobilização sem paralelo do organismo político, pela definição de um pacto federativo que contemple a melhora imediata da mobilidade urbana e das cidades, da saúde pública, 100% dos recursos da extração do petróleo para alavancar a qualidade da educação e um pacto de responsabilidade fiscal.

E pasmem, a reprova quase unânime da PEC 37, o fim do voto secreto nos ritos de cassação de mandatos e a divisão ¾ par a educação e ¼ para a saúde dos recursos do petróleo já foram aprovados.

Marília, infelizmente, reproduz de forma ampliada todos os defeitos da sociedade brasileira atual, com níveis de corrupção que são referencias para o Brasil, e um tipo de violência, como a expulsão compulsória de andarilhos, que a tempo não mais se via.

Nesse sentido, o Conselho Diocesano de Leigos, a MATRA e várias outras organizações da sociedade civil local estarão promovendo a I Marcha da Cidadania, dia 20 de julho (sábado), com concentração às 9h, na Praça da Basílica São Bento, na qual se espera a presença da população mariliense para uma grande festa cívica.

A agenda local de reivindicações vai da valorização do funcionário público municipal de carreira, passando pela diminuição dos cargos comissionados oferecidos pela contribuição nas campanhas eleitorais, a recuperação do poder deliberativo do Conselho Municipal de Habitação, o fim da corrupção na cidade e a consequente recuperação imediata da boa prestação de serviço da saúde e oferta de serviços públicos de manutenção e investimento na malha e equipamentos urbanos, ao menos na mesma proporção dos altos impostos que todos pagamos.

Como refere a jornalista Eliane Blum, toda reflexão sobre a história em movimento é um esforço para compreender o momento no qual estamos todos tateando a partir de referências do passado e investigações do presente – sempre fragmentadas, incompletas e aquém, por maior que seja o nosso empenho, de entendê-lo em todas suas dimensões. Mas é possível aprender que um novo Brasil está em marcha, talvez com um pouco menos de samba e futebol, mas com mais participação efetiva e cidadania.

Sentimos falta na agenda nacional de mobilização das demandas referentes ao Judiciário, observando que Marília proporcionou recentemente a incompreensível situação em relação às liminares e contra-liminares das empresas de ônibus urbanos e que apesar de perceberem salários muito acima da média nacional, oferecem à cidadania rituais lerdos, bizantinos, não eficientes, pouco efetivos, portanto inaceitáveis.

Com certeza, o Brasil não será mais o mesmo depois dessas manifestações, ganhando elevada importância à prática da democracia participativa. Enfim, o Brasil mostrou a sua cara.

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