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Eletrobrás investiu apenas 38% dos recursos previstos em 2009

12 de novembro de 2009 - 00:00

O Grupo Eletrobrás, composto atualmente de 15 entidades responsáveis pelo setor elétrico do país, entre elas Furnas, investiu 38% dos recursos previstos no orçamento de 2009, até agosto. Dos R$ 7,2 bilhões autorizados para o ano – a maior verba prevista desde 2000 –, apenas R$ 2,8 bilhões foram desembolsados nos primeiros oito meses do ano (dado mais atual disponível). Se continuar no mesmo ritmo, ao final do ano, o Grupo terá investido R$ 4,2 bilhões, ou seja, 57% da dotação inicial. Seria o pior percentual de execução, igualmente ao registrado em 2007, desde 2000. No entanto, em números absolutos, a cifra pode vir a ser a maior desde 2002, quando os investimentos no setor chegaram a R$ 5,8 bilhões.

 Em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB), os investimentos do Grupo Eletrobrás nos últimos nove anos não representam sequer 0,5% da soma das riquezas produzidas no país. Em 2000, um ano antes do “apagão energético” que atingiu o país, as aplicações no setor foram equivalentes a 0,18% do PIB. Em 2001 e 2002, houve um avanço de investimentos e a participação no PIB aumentou: 0,20% e 0,23%, respectivamente. De lá pra cá, os investimentos se mantiveram em uma média inferior e perderam participação no PIB (veja tabela).
 
Os maiores investimentos do Grupo, que ainda têm a Eletrobrás, a Eletronorte, a Eletrosul e a Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) como vinculadas, são em hidrelétricas. Destaque para a de Jirau, em Rondônia, que terá capacidade para gerar 3.300 megawatts (MW), a de Santo Antônio, também em Rondônia, para gerar 3.150 MW, e de Estreito, na divisa entre Tocantins e Maranhão, com capacidade de 3.300 MW. Todas são incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e têm orçamento total previsto de R$ 26 bilhões.
 
Ainda está prevista para 2014 a inauguração da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que poderá gerar 11.233 megawatts, quase o equivalente ao volume de Itaipu, que tem potência de 14.000 MW e fornece 19% da energia consumida no Brasil e 87% do consumo paraguaio.
 
Os investimentos específicos de Furnas Centrais Elétricas estão em ritmo mais acelerado do que o total do Grupo Eletrobrás, do qual faz parte. Da quantia prevista para 2009, orçada em R$ 1,6 bilhão, R$ 873,9 milhões foram aplicados até agosto, ou seja, 55% do montante autorizado. Furnas, que conta com um complexo de 11 usinas hidrelétricas e duas termelétricas, totalizando uma potência de 9.910 MW, investiu R$ 12,4 bilhões desde 2000, em valores atualizados (veja tabela). Segundo o governo, a empresa Furnas Centrais Elétricas gerencia as linhas de transmissão que ligam a hidrelétrica Itaipu ao Sistema Interligado Nacional (SIN) que, devido à queda de três linhas, provocou o apagão que atingiu boa parte do país.
 
Para o presidente do Instituto Brasil, Claudio Sales, os investimentos não são problema para o setor elétrico brasileiro. “Isso já foi problema no passado. Hoje não faltam investimentos. Prova disso é que em todos os leilões há um número muito grande de competidores; as empresas têm expandido e melhorado os serviços. Tudo isso é produto de investimentos”, destaca. Em dez anos, incluindo 2009, o Grupo Eletrobrás investiu R$ 40,9 bilhões na infraestrutura energética do país.
 
Segundo Sales, as principais dificuldades são decorrentes da falta de planejamento estratégico para os sistemas de abastecimento, que, para ele, são tratados de maneira política. “Na história brasileira há muitos episódios desse tipo. É importante que o assunto não seja tratado politicamente. Não se trata de questão política, mas sim de estratégia do setor elétrico”, critica.
 
Já o vice-presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados Nelson Bornier (PMDB-RJ) acredita que a gestão da política energética era mais técnica no governo Fernando Henrique Cardoso, o que pode justificar, segundo o deputado, maiores investimentos em 2000, 2001 e 2002, apesar do "apagão". "Atualmente observamos que pessoas de responsabilidade direta com o setor elétrico são muitas vezes apadrinhados políticos. Talvez esse seja um dos motivos para os invesimentos ainda serem considerados insuficientes", afirma.
 
O Contas Abertas também procurou governistas para comentar o assunto, mas não obteve sucesso. Para saber porque a execução orçamentária dos investimentos do Grupo Eletrobrás está em ritmo mais lento em 2009 do que em anos anteriores, a equipe de reportagem procurou a assessoria de comunicação da Eletrobrás em Brasília e no Rio de Janeiro, mas até o fechamento da matéria não obteve resposta. Depois, tentou contato com o departamento financeiro da Eletrobrás no Rio, também sem sucesso.
 
PAC energético
 
De acordo com o último balanço do PAC, com dados até agosto, das 689 ações do eixo de infraestrutura energética, monitoradas pelo critério de valor entre maio e agosto, 18% foram concluídas, 85% estão sendo executadas em ritmo adequado, 4% estão sob atenção e 1% preocupa o governo.
 
Já pelo critério de quantidade, 33% estão concluídas, 58% estão em ritmo adequado, 6% são caracterizadas como ações preocupantes e 3% preocupam o governo. Além de construção de hidrelétricas, estão listados projetos de usinas termelétricas, a termonuclear de Angra III e a interligação de linhas de transmissão.
 
Fonte: Contas Abertas

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