Especialistas criticam falta de dados no portal "Governo Aberto"
No dia 18 de janeiro, em visita à 4ª edição da Campus Party Brasil (maior evento relacionado à tecnologia do país), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou o lançamento do portal “Governo Aberto”. Essa iniciativa busca, por meio da disponibilização de cópias atualizadas das bases de dados públicas do governo, estimular a criação de novos serviços eletrônicos, a promoção da transparência e a melhoria de qualidade das informações de interesse da sociedade.
Essa plataforma anunciada por Alckmin se encaixa no conceito de “Governo 2.0″, que é o modo como os cidadãos acharam de, por meio de ferramentas abertas e livres, participarem dos governos.
Com o simples processo de abertura de dados públicos, os cidadãos comuns podem criar ferramentas que os ajudam a participarem das decisões e terem acesso às informações que podem não ser divulgadas pelo Estado.
Os governos em todo o mundo ainda estão andando a passos lentos no esforço de divulgar seus dados e se tornar mais transparentes, mas do pouco que já está disponível, algumas soluções bem criativas já estão aparecendo.
Nos EUA, por exemplo, foi criado o aplicativo para iPhone “Real Time Congress”, que permite que os cidadãos acessem informações sobre o congresso norte-americano em tempo real.
Aqui no Brasil, os ciberativistas do grupo Transparência HackDay tentam trazer para o dia a dia do país a lógica do “Governo 2.0”. Um exemplo de solução criada por eles com as informações disponíveis é o site “Vote na Web”, que usa a base de dados da Câmara dos Deputados e a transforma em um site simples em que os cidadãos podem opinar diretamente sobre os projetos de lei que passam pela Casa.
Assim, a proposta do “Governo Aberto” é facilitar o trabalho desses ciberativistas, que poderiam trabalhar em cima do material que o governo disponibiliza, cruzando esses dados com outras informações, convertendo esse trabalho em dicas de novas políticas públicas.
Sendo assim, em teoria, o “Governo Aberto” um grande passo para a luta pela transparência na gestão pública no Brasil, mas, na prática, segundo diversos especialistas ouvidos pelo jornal Folha de São Paulo, o portal ainda não mostrou a que veio.
A principal crítica feita pelos entrevistados é a escassez de dados.
Segundo o diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV (Fundação Getulio Vargas), Ronaldo Lemos, no portal há arquivos de menos de 400 Kbytes, ou seja, menores do que uma música em MP3. Para ele, uma boa divulgação deveria alcançar um volume de terabytes [1 bilhão de vezes maior do que um kb] em dados.
Em resposta à Folha, o secretário de Gestão de São Paulo, Julio Semeghini afirmou que os dados serão ampliados gradativamente.
(VM)