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Ex-diretor da Petrobras é preso e Justiça bloqueia R$ 720 milhões de suspeitos

14 de novembro de 2014 - 10:39

Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo / Sede da PF em Curitiba, onde Youssef está preso: Polícia Federal não confirma nada e tem tratado o caso como “suposto depoimento”

Trinta e seis pessoas investigadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato tiveram, ao todo, R$ 720 milhões em bens bloqueados nesta sexta-feira (14) pela Justiça Federal. A Polícia Federal (PF) investiga suspeitos e cumpre 85 mandados judiciais na sétima fase da operação no Paraná e em outros quatro estados, além do Distrito Federal.

Entre os detidos está o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Ele tem ligações com o PT e foi indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu (PT). O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e dois executivos ligados à Toyo-Setal – empresa que tem contratos de mais de R$ 4 bilhões com a estatal-, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto e Julio Camargo afirmaram em delação premiada que Duque era beneficiado pelo esquema de suborno.

Além da Engevix, a PF também realiza buscas na casa do presidente da UTC/Constran, Ricardo Pessoa, investigada por ter pago propina para obter obras da Petrobras no Rio e em Pernambuco. Pessoa também é sócio do doleiro Alberto Youssef em hotéis.

Ao menos doze pessoas, entre policiais e membros da Receita Federal, chegaram, por volta das 6h20, no edifício da Camargo Corrêa, na avenida Faria Lima, em São Paulo.

Cinco carros entraram pela garagem e três agentes da PF permanecem na porta do prédio, controlando a entrada. A PF ainda não divulgou o nome das outras dez construtoras em que realiza buscas. Uma entrevista coletiva está marcada para as 10h.

A Camargo Corrêa é uma das empresas investigadas sob suspeita de pagar suborno a ex-diretores da Petrobras para obter contratos da estatal. A empreiteira lidera o consórcio CNCC, contratado para construir a refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

A obra, que envolve outras empreiteiras, é a mais cara em curso no Brasil e deve ultrapassar os R$ 40 bilhões quando ficar pronta, nos próximos meses. Além de estourar o orçamento inicial, a obra foi superfaturada, segundo apurações do Tribunal de Contas da União. O consórcio CNCC diz que não faz sentido a acusação de sobrepreço na obra, porque ela foi conquistada por meio de licitação.

Duque nega as acusações e entrou com uma ação contra Costa. A PF concentra as buscas de hoje em 11 grandes empreiteiras, suspeitas de pagarem propinas para conseguir contratos com a Petrobras, e cumpre 27 mandados de prisão contra executivos e outros investigados.

Também foram presos o presidente da empreiteira Engevix, Cristiano Kok, e um de seus vice-presidentes, Gerson Almada. Um terceiro executivo da empresa que teve a prisão decretada está no exterior. Ao todo, 300 policiais participam da ação, que acontece em cinco estados e no Distrito Federal.

Os grupos investigados registraram, segundo dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), operações financeiras atípicas num montante que supera os R$ 10 bilhões. Durante a investigação, o doleiro Alberto Youssef – que está preso e colabora com a Justiça por meio da delação premiada – apontou que o esquema envolvia desvio de dinheiro Petrobras.

Dos 85 mandados, 21 são de prisão temporária, seis de prisão preventiva, nove de condução coercitiva (quando o intimado é obrigado a ir à polícia depor) e 49 de busca e apreensão. Segundo a PF, entre os mandados, onze são cumpridos em grandes empresas. No entanto, os nomes destas não foram revelados.

Os mandados são cumpridos no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Distrito Federal. No Paraná, são dois mandados de busca e um de prisão preventiva – todos em Curitiba. A maioria dos trabalhos são feitos pela PF na capital paulista.

Ainda de acordo com a PF, foi determinado bloqueio integral de valores pertencentes a três empresas ligadas a um dos operadores do esquema investigado na Operação Lava Jato.

Segundo a PF, os envolvidos responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.

Sétima fase

Todos os trabalhos da sétima fase são fruto de uma análise de depoimentos e provas das outras fases da operação. Segundo a polícia, os envolvidos nessa fase responderão por organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei das Licitações e lavagem de dinheiro.

As investigações da Operação Lava Jato começaram no mês de março envolvem a prisão do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. O esquema causou, segundo a Polícia Federal, prejuízo de R$ 10 bilhões.

Fonte: Gazeta do Povo

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