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“Ficha limpa” não é prioridade na Câmara

13 de novembro de 2009 - 00:00

O Projeto de Lei Complementar 518/09, que torna obrigatória a “Ficha Limpa” dos candidatos a cargos eletivos – ou seja, torna inelegíveis pessoas que respondem a processos na Justiça – está longe de ser uma prioridade na Câmara. Pronta para ser votada em plenário, a proposta apenas aguarda a vez de ser escolhida pelo presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), e por líderes partidários. “O que percebo é que não há vontade da maioria para que o projeto seja votado”, resume o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), que subscreve o projeto com outros 32 deputados (confira a lista abaixo). O petista fluminense destaca que há uma “clara percepção” de protelar essa votação. “O trabalho da maioria é contra”, reforça.

Para o deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), a reação da Casa é “previsível” e existe uma explicação para o fato. “É um assunto que atinge em cheio um grande número de parlamentares e seus aliados nos estados e municípios. Porque corta na carne”, explica. Pela proposta, serão proibidos de concorrer a cargos eletivos, por oito anos, candidatos condenados em primeira ou única instância, ou que tiverem contra si denúncia recebida por órgão judicial colegiado por uma série de crimes.

São eles: abuso de poder econômico ou político; racismo; tortura; tráfico de drogas; terrorismo; improbidade administrativa; crimes dolosos contra a vida; crimes de abuso de autoridade; crimes eleitorais; lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; exploração sexual de crianças e adolescentes e utilização de mão-de-obra em condições análogas à de escravo; crimes contra a economia popular; a fé pública; os costumes; a administração pública; o patrimônio público; o meio ambiente; a saúde pública; o mercado financeiro; e por crime a que a lei determine pena não inferior a 10 anos.

Membros da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, Biscaia e Paulo Rubem apresentaram requerimentos à Mesa da Câmara para que a proposta seja incluída na pauta. Eles também rebatem os argumentos de que o projeto é inconstitucional e fere a presunção de inocência. “Os argumentos de inconstitucionalidade não procedem. O projeto trata da inelegibilidade e não do processo eleitoral”, afirma Biscaia, que é procurador de Justiça e professor universitário.

Conforme ressalta Paulo Rubem, ninguém será preso pelo fato de responder a processos na Justiça. O pedetista avalia que a forma atual estimula aqueles que usam o poder econômico para se manter na política. “Quem é decente, quem trabalha apresentando proposta, é completamente atropelado.” Para ele, é preciso que “desde a primeira instância não se crie o culto da impunidade”.

Líder do PPS e um dos deputados que subscreveram a proposta, Fernando Coruja (SC) afirma que é favorável à matéria, e que ela é constitucional porque não suspende direitos políticos. Contudo, ele ressalta que o simples oferecimento de denúncia não pode impedir ninguém de se candidatar. O deputado catarinense considera “razoável” impedir a candidatura de um cidadão que foi condenado por um colegiado. “Tem de debater o projeto. Não há dúvida.”  

Assinaturas

 

Os deputados eleitos por Marília (Abelardo Camarinha, Sérgio Nechar e Walter Ihoshi) não assinaram até agora o projeto.Veja quem subscreve o projeto “Ficha Limpa”:

Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ)
Arnaldo Jardim (PPS-SP)
Camilo Cola (PMDB-ES)
Carlos Sampaio (PSDB-SP)
Celso Maldaner (PMDB-SC)
Chico Alencar (Psol-RJ)
Domingos Dutra (PT-MA)
Dr. Rosinha (PT-PR)
Duarte Nogueira (PSDB-SP)
Fátima Bezerra (PT-RN)
Felipe Maia (DEM-RN)
Fernando Chiarelli (PDT-SP)
Fernando Coruja (PPS-SC)
Fernando Ferro (PT-PE)
Hugo Leal (PSC-RJ)
Humberto Souto (PPS-MG)
Ivan Valente (Psol-SP)
Jô Moraes (PCdoB-MG)
Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR)
Luiz Couto (PT-PB)
Manato (PDT-ES)
Marcelo Ortiz (PV-SP)
Mendonça Prado (DEM-SE)
Miro Teixeira (PDT-RJ)
Odair Cunha (PT-MG)
Osmar Serraglio (PMDB-PR)
Paulo Rubem Santiago (PDT-PE)
Rafael Guerra (PSDB-MG)
Rita Camata (PMDB-ES)
Rodovalho (PP-DF)
Vieira da Cunha (PDT-RS)
Washington Luiz (PT-MA)
Zenaldo Coutinho (PSDB-PA)
 
Fonte: Congresso em Foco

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