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Mais uma ONG combaterá a corrupção

08 de setembro de 2009 - 00:00

A rede brasileira de organizações não-governamentais (ONGs) de controle social cresceu mais um pouco. Foi fundada neste fim de semana, no sul de Minas Gerais, a Amigos Associados de Minduri (Amaminduri). O município de 3,6 mil habitantes fica a 309 quilômetros de Belo Horizonte. A nova associação nasce inspirada no renomado trabalho de outras duas entidades: a Amarribo (Amigos Associados de Ribeirão Bonito/SP e a Asajan (Associação dos Amigos de Januária/MG). Atualmente, a rede Amarribo é formada por mais de 170 ONGs, que ainda contam com o apoio do Instituto de Fiscalização e Controle (IFC).

 Januária e Ribeirão Bonito têm histórias parecidas. Ribeirão Bonito, 12 mil habitantes, como muitas cidades do interior paulista, viveu tempos áureos, em que o desenvolvimento econômico, impulsionado por lavouras de cana-de-açúcar e laranja, proporcionava uma boa qualidade de vida para seus habitantes. Ao ver a deterioração da sua cidade natal, atribuída a uma falta crônica de verbas públicas, um grupo de cidadãos começou a pesquisar alternativas para recuperar a cidade. Nesta época, boatos já indicavam a existência de corrupção na administração pública. Em meados de 1999, um grupo de amigos, incluindo alguns profissionais de sucesso que haviam saído ainda jovens de Ribeirão Bonito e que vislumbravam uma forma de contribuir com a cidade procurou transformar o desejo em realidade. Na foto, a diretoria da nova entidade.
 
 A Amarribo foi oficialmente fundada em 14 de novembro de 1999. Os administradores públicos da época ignoraram a entidade passaram a hostilizá-la. Os sinais exteriores de riqueza apresentados pelos gestores e suas famílias – representados por aquisições de veículos, imóveis e viagens ao exterior – aumentavam, enquanto a população, acostumada aos desmandos, resignava-se. Ao investigar as primeiras denúncias a ONG descobriu que veículos utilizados pela família do prefeito estavam em nome do proprietário de uma casa de carnes de São Carlos/SP que vencera uma licitação cheia de cláusulas que dificultavam a concorrência. Também encontraram notas fiscais de combustíveis emitidas em cidades distantes. Pouco a pouco os esquemas de corrupção foram sendo revelados.
 
 Formalizadas as denúncias junto à Câmara de Vereadores, Ministério Público, Polícia Federal e outros órgãos oficiais de fiscalização, estas foram sendo comprovadas. Cheques supostamente emitidos para pagamento de combustível foram encontrados depositados na conta bancária de um vereador. Empresas que teriam alugado máquinas para a Prefeitura não existiam. Além disso, notas de serviço e produtos eram superfaturadas.
 
No começo do processo, onze dos treze vereadores da Câmara de Ribeirão Bonito apoiavam o prefeito incondicionalmente, mas a pressão popular deu nova configuração à política local. Verificando a consistência das denúncias, os vereadores aprovaram por unanimidade o pedido de instauração de uma Comissão Especial de Investigação. Comprovados os fatos, em seguida aprovaram também por unanimidade o pedido de instauração do processo de cassação do prefeito. A população apoiou a iniciativa da ONG e dos vereadores pela ética na política e por maior transparência dos gastos públicos. Cerca de 1,2 mil habitantes foram para a porta da Câmara no dia da votação. O prefeito não resistiu à pressão, renunciou no dia 28 de abril de 2002 e fugiu para Rondônia, onde foi preso alguns meses depois, em 6 de agosto.
 
Fonte: Amarribo

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