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Ministério Público identifica relação entre Alstom e diretores de estatais de SP

25 de outubro de 2013 - 12:13

O Ministério Público de São Paulo está convencido de que o lobista Artur Gomes Teixeira era o pagador de propinas a autoridades dos governos tucanos de São Paulo de 1997 a 2007, período em que a Alstom e a Siemens, além de outras 16 empresas, teriam realizado obras superfaturadas do Metro e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O pagamento da propina seria feito pelo lobista em contas numeradas na Suíça, como aconteceu com o ex-diretor de Operações e Manutenção da CPTM João Roberto Zaniboni, que recebeu, entre 1999 a 2003, US$ 836 mil em uma conta do Credit Suísse, em Genebra.

Além disso, a PF e o MP têm documentos, do Ministério Público da Suiça, mostrando que o ex-presidente da Alstom, José Luiz Alquéres, recomenda que os diretores da empresa “utilizem” os serviços do lobista Arthur Teixeira. Em e-mails, divulgados nesta quinta-feira pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, o ex-presidente da Alstom fala ainda que tinha “bom relacionamento” com os governantes tucanos, citando o governador Geraldo Alckmin e o ex-prefeito José Serra. Ambos conhecem Alquéres, mas negam que tenham falado com ele sobre negócios.

– Nós recomendamos que a Corregedoria Geral da Administração faça investigação rigorosa, doa a quem doer, pode ser funcionário, ex-funcionário, quem for. Não vazamento seletivo, mas informação séria, apuração rigorosa, buscando a verdade se houve algum prejuízo ao estado, o ressarcimento e a punição dos envolvidos – disse o governador Geraldo Alckmin.

Nesta quinta-feira, os promotores paulistas disseram não ter mais dúvidas de que o elo entre a Alstom e Siemens com os diretores de estatais paulistas, que superfaturaram obras e receberam propinas das empresas, é mesmo o lobista Artur Gomes Teixeira. Ele, que tem escritório na Alameda Santos e casa de praia em São Sebastião, está sendo investigado.

– Não há mais dúvidas de que Teixeira é o elo de ligação da Alstom/Siemens com os diretores das estatais paulistas que receberam propinas. Há dez dias recebemos documentos do Ministério Público da Suiça que mostram essa ligação, mas ainda é cedo para concluir a investigação – disse ao GLOBO um dos promotores do MP de SP.

 A Procuradoria do Estado destacou uma força tarefa para investigar o caso, com dezenas de promotores dos departamentos de Patrimônio Público, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Procuradoria da República. Os promotores já abriram 48 inquéritos para apurar os superfaturamentos de obras do governo paulista de 1997 a 2007, envolvendo secretários de Estado e funcionários dos governos tucanos.

Recomendação enfática para empresa

O Ministério Público informou que os documentos sobre as irregularidades nos contratos e os pagamentos feitos no exterior reforçam a tese de que Artur Teixeira seria mesmo o elo das empresas que superfaturaram obras no governo paulista e que, paralelamente, pagaram propinas a dezenas de funcionários das estatais paulistas do setor de transportes.

Segundo emails obtidos pelo “Estado de S. Paulo”, o ex-presidente da Alstom, José Luiz Alquéres “recomenda enfaticamente” que diretores da empresa “utilizem” os serviços do consultor Arthur Teixeira, que segundo o MPE é lobista e pagador de propinas a ex-diretores das estatais paulistas. Em e-mails o ex-presidente também destaca “o bom relacionamento” com os governantes tucanos. Alckmin disse que só tinha relações “institucionais” com o ex-dirigente da Alstom.

O ex-governador Serra disse, por meio de sua assessoria, que conhece Alquéres, mas nunca o recebeu quando era presidente da Alstom. Também informa que, como governador, Serra nunca tratou com ele sobre negócios da CPTM ou Metrô. Diz ainda que o assunto é anterior à posse na prefeitura e que a prefeitura de São Paulo não realizava nenhuma compra de materiais produzidos pela Mafersa. O ex-governador lembra ainda que a Alstom absorveu a Mafersa nos anos 90.

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