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MATRA

Muito além de Serra e Dilma

13 de outubro de 2010 - 00:00

Ao ser perguntado quem haveria de se salvar, Jesus respondeu que não seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.


A resposta de Jesus surpreendeu: “Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes…” (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.


Relembro esse texto porque a tentativa de fundamentalistas das igrejas, de tentarem impor sua agenda à sociedade, no que tange a descriminalização do aborto, ultrapassou todos os limites, e a exploração política desse tema, um grande problema de saúde pública no Brasil hoje, onde uma em cada cinco mulheres em idade fértil já provocou o aborto e milhares morreram por isso, é de uma desonestidade gritante.


Serra, quando foi ministro da saúde, na luta pela vida das mães introduziu em 1998, entre os procedimentos oferecidos pelo SUS, o aborto sob certas circunstâncias e em 2001, autorizou aos Estados e municípios a distribuição da pílula do dia seguinte (pílula abortiva). Foi então acusado de atender a grupos pró-aborto. Esqueceu-se dos ataques injustos e se utilizou da mesma estratégia, contra Dilma, apenas 12 anos depois.


No fundo, com poucas exceções, as igrejas almejam um Estado confessional, ou seja, querem que o Estado seja regido por leis conformes às normas da religião que elas professam. Gostariam de uma sociedade em que seja crime tudo o que, para elas, é pecado. O problema, para elas, é que o estado é laico, ou seja, existe uma clara separação entre as funções de um e do outro.


Que bom que seja assim. Se vocês querem experimentar estados confessionais, pensem em Teerã ou na Cabul do Talibã.
Que tal se a gente aprendesse a votar sem exigir que nosso candidato pense exatamente como nós.


Dr. Carlos Rodrigues da Silva, médico e Membro da MATRA – Marília Transparente

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