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O aviso que vem do RIO

03 de fevereiro de 2011 - 09:59

Semana de tragédias na telinha da Globo. As imagens vindas do estado do Rio (e também de São Paulo) são tristes e assustadoras. Não há quem não fique atordoado, emocionado, vendo aquelas pessoas desesperadas, salvando-se ou chorando a morte de quem era querido. Centenas de mortos.

Entre os culpados, existe a unanimidade elegendo o maior culpado de todos: A ocupação desordenada do solo. 

–“O planejamento urbanístico da ocupação do solo na região serrana é próximo de zero”, comenta o eng. Agostinho Guerreiro, presidente do CREA-Rio em matéria do “Estadão”. 

E é isso aí. A falta de planejamento das administrações municipais anteriores, permitindo a ocupação das encostas, de forma irregular, invadida pelos menos favorecidos e até por condomínios de luxo, é a responsável por tudo.

E o pior é que, toda essa desgraça não é privilégio só das cidades da região serrana do Rio. Mais e mais cidades sofrem do mesmo mal, da ocupação errada do solo urbano, e, Marília é uma delas.

E por aqui vai dizer o “entendido” em questões urbanas:

– Qualé! Fica frio! Aqui não tem morro e nem rio!

Engano do “expert”.  

Marília está sendo construída sobre uma serra, a de Agudos, em terras de topografia irregular e cercada por paredões. Historicamente, os empreendedores de antes, preocupados, apenas, com o bem comum dos respectivos bolsos, deixavam as piores áreas, próximas aos itambés, para praças e outras áreas públicas. Daí, com a dificuldade de uma fiscalização, ficou fácil a ocupação irregular, gerando em torno de vinte favelas. Todas em áreas de risco, sujeito a serem levadas por enxurradas.  

Ou não? Numa serra a água corre forte prá baixo e, pior, se pavimentarem toda a área de cima, a água aumenta vai correr mais forte ainda. É catástrofe na certa, é o aviso que vem do Rio.

Nesta sexta-feira, a Secretaria de Planejamento Urbano iria apresentar o boneco da nova “Lei de Zoneamento e Ocupação do Solo de Marília”, um trabalho fundamentado em estudos e experiências do dia a dia, por mais de dois anos. A proposta seria a de se discutir a cidade (atenção, discutir e não impor) a forma de ocupação correta do nosso solo, garantindo uma qualidade de vida melhor para os nossos filhos e netos. Não só isso, discutiríamos também a permeabilização do solo, a preservação dos Itambés e a inconveniência daquele vizinho chato, que faz barulho até altas horas da noite. Até propostas para gerar mais empregos na periferia seriam discutidas. Seriam, mas não foram. Tudo porque, aqui em Marília, também aconteceu uma catástrofe, não natural, mas de cunho moral (ou imoral?):

“Cupinchas” de pessoas interessadas em manter a bagunça urbana, uma cidade desprotegida de leis, despreocupadas com o cidadão comum e apenas preocupadas com o “cada vez ganhar mais” no mercado imobiliário, pressionaram, jogaram lama no ventilador e “melaram” a reunião.

Uma catástrofe de enxurradas elameadas de imoralidades.

Autor: Laerte Rojo Rosseto

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