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O que querem as ruas

12 de setembro de 2013 - 11:03

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Há sim razão, e razão de sobra, para manifestantes saírem às ruas. A maioria, sem dúvida nenhuma, protesta por razões visíveis. Porém, essa maioria não sabe como destruir o que não quer, pois isso é invisível para eles.

O invisível do qual sofrem, porém não sabem como destruir, é o modelo econômico e o sistema político não só nacional, mas internacional. O Brasil, apesar de um país em desenvolvimento, é totalmente dependente econômica e financeiramente, como todos no mundo, de um sistema mundial dominado e manipulado pelos grandes países, empresas e banqueiros. Empresas, banqueiros e a maioria dos governantes, com os mesmos interesses: manter o capitalismo.

Esse modelo econômico e financeiro constrói e ao mesmo tempo sustenta um sistema político elitista e conservador, que também é invisível aos olhos da maioria que está nas ruas. Portanto, o protesto é visível, como são visíveis as razões do protesto, mas que resultado pode ser obtido se o problema não está só no Brasil? Que resultado pode ser obtido se a maioria que está na rua é alienada em relação à política e à economia?

Mas nós, brasileiros, principalmente nossos governantes, temos a obrigação de dar alguma resposta. Não explicativa de como funciona o sistema, pois isso não resolve e tampouco convencerá os que protestam, mas resposta concreta a algumas das reivindicações que também são concretas. Como transporte público de qualidade, combate firme e transparente à corrupção, liberdade de expressão, ou seja, uma lei que regulamente a mídia, mais segurança, melhoria da saúde pública, e outras mais.

Há também nos protestos o grito de “fora governantes” e mandatários, sendo um dos mais citados o deputado e pastor Marcos Feliciano. Entendo que esse deputado é o símbolo do que há de mais retrógrado no parlamento brasileiro.

Os manifestantes não têm uma organização, um líder, uma palavra de ordem, um símbolo, um partido e tampouco um objetivo comum. Simplesmente buscam mudanças. Mas, elas serão poucas perante o (capitalismo) monstro que a sustenta e esse monstro é ignorado pela maioria.

O governo “deu comida”, mas esqueceu do resto, e se não havia como dar tudo, ao menos tinha que politizar. E politizar significa romper com a mídia tradicional. Esta mídia conservadora distorceu e distorce fatos, mentiu e continua mentindo, criando um ar de insatisfação na população. Mesmo melhorando a vida, dá-se, pelo que transmite a mídia, que a situação está pior do que quando chegamos, 12 anos atrás, ao governo.

Escrevi este texto no final do mês de junho, no calor das grandes manifestações de rua, diferentes das manifestações de 7 de setembro, mais para quebra-quebra do que a para a busca de direitos. Quem ocupou as ruas nesse 7 de setembro?

* Dr. Rosinha: Médico, com especialização em Pediatria, Saúde Pública e Medicina do Trabalho, destacou-se como líder sindical antes de se eleger vereador, deputado estadual e deputado federal. Também foi presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul). Exerce o quarto mandato na Câmara dos Deputados, pelo PT do Paraná.

Artigo originalmente publicado no site do Congresso em Foco

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