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O valor da política local

01 de outubro de 2012 - 09:20

Na vida prática, um bom prefeito pode ser mais importante que o governador ou o presidente

Na reta final das eleições municipais, não custa repetir aquela verdade que todos sabem mas nem sempre se lembram em tempos de alta polarização política. Não, estas eleições não terão um papel decisivo na escolha do novo presidente da República, no longínquo pleito marcado para outubro de 2014. Não, elas não servirão para julgar a herança deixada por Luiz Inácio Lula da Silva nem permitirão outra avaliação do governo de Fernando Henrique Cardoso. Elas são mais importantes que tudo isso.

As eleições municipais são essenciais em todos os países, porque dizem respeito a um momento peculiar do universo político. A cidade é o ponto de encontro da vida pública com a vida privada. É aquele lugar onde as verdades aparecem, as prioridades se demonstram e as competências passam por seu teste definitivo.

Um presidente da República pode esconder suas limitações por trás de uma boa equipe de ministros ou mesmo um bom momento da economia. Um governador é capaz de sobreviver no cargo com respostas genéricas e pouco precisas, desde que tenha um competente discurso político e boas relações com Brasília. Prefeitos, sobretudo nos milhares de municípios de pequeno ou médio porte, estão condenados a vencer ou fracassar por mérito próprio. Estão próximos demais para se esconder, transferir responsabilidades, omitir-se ou deixar problemas graves para amanhã. Um prefeito deve respostas práticas para problemas concretos.

Desde o final do século passado, mais da metade da população mundial deixou o campo para morar em cidades. No Brasil, esse número já passou dos 70%. Isso quer dizer que, no próximo domingo, quando 100 milhões de eleitores tomarem o caminho das urnas, tomarão uma decisão crucial para sua vida e sua família. É na cidade que se encontra, ou não, uma boa escola pública. É ali que uma família pode obter ou não, ajuda num hospital ou posto de saúde. É possível pensar no oxigênio que respiramos, no trânsito de cada dia, na calçada onde mães passeiam com seus filhos e a maioria das pessoas espera pelo ônibus para ir ao trabalho. A municipalização não é uma realidade apenas administrativa. Ela rege nossa vida, da maternidade ao cemitério.

Há ótimas novidades nas cidades e prefeituras brasileiras. Cidades muito semelhantes em suas vantagens e defeitos comparativos conseguem oferecer uma vida diferente a seus cidadãos. Em cinco delas, as escolas públicas oferecem um ensino de qualidade surpreendente. Em outros lugares, a maioria da população tem direito a um bom atendimento médico por parte do Estado – ao contrário do que se vê em toda parte.

Muitos fatores ajudam a entender por que a vida de algumas cidades ficou melhor, enquanto outras patinaram ou até regrediram. Nem todos os estímulos favoráveis – ou desfavoráveis – obedecem aos impulsos da política. Mas a experiência confirma que um bom prefeito e uma Câmara de Vereadores atuante podem fazer muita diferença.

Opnião – Revista Época

Edição 750 – 1º Outubro de 2012

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