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Partidos querem aumentar fundo eleitoral, que já subiu 190%. O país é o campeão mundial de gasto público com campanhas eleitorais.

08 de abril de 2022 - 17:13

O Brasil é campeão mundial de gasto público com eleição, mas em Brasília dirigentes de partidos estão achando que o dinheiro disponível é pouco e já negociam aumento no fundo eleitoral. É o que afirma o colunista da Veja, José Casado, em texto publicado hoje (8) no site veja.com.

Segundo ele, num jogo combinado com o governo, o Congresso estabeleceu para este ano um fundo de R$ 4,9 bilhões dentro do orçamento federal para financiar atividades de campanha dos candidatos e de seus partidos.

Governo e oposição acabaram produzindo uma esquisitice no Orçamento da União para 2022. Aumentaram o fundo eleitoral 190%, em relação ao valor fixado na eleição municipal de 2020, enquanto no mesmo orçamento reajustaram o salário mínimo em apenas 10%. Na Câmara, somente dois partidos votaram contra: Novo e Psol, adversários permanentes.

Os demais legislaram em causa própria. Resultado: deram injeção de dinheiro público no financiamento de campanha no Brasil numa proporção dez vezes maior do que se admite no Japão e na Alemanha, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Ou ainda, vinte vezes o volume de despesa da França, onde o primeiro turno da disputa presidencial acontece no domingo.

O Brasil que já era líder absoluto nesse tipo de gasto público ficou muito mais distanciado dos do grupo de países com as maiores economias do planeta. O fundo eleitoral deste ano tem dimensão monetária equivalente a 16,8 toneladas de ouro.

Ainda assim é pouco dinheiro, acha Valdemar Costa Neto, dono do Partido Liberal, que ficou com uma fatia de R$ 340 milhões do fundo público. A campanha para reeleger Bolsonaro “é cara”, acha Costa Neto. Exemplifica: “Parece que são R$ 17 mil por hora só com combustível e ele vai ter que usar avião todo dia.” Ou seja, o candidato presidencial vai consumir, em média, o equivalente a 14 salários mínimos a cada 60 minutos de vôo para encontrar eleitores. E não é o único, conforme a ponta a publicação da Veja.

Candidatos presidenciais estão custando cerca de 40% ao caixa partidário nesta temporada eleitoral. Ocorre que a prioridade “zero” dos partidos é a eleição legislativa, mais precisamente a dos deputados federais.

Ela é determinante ao futuro acesso ao dinheiro público e ao tempo de propaganda no rádio e na televisão para os partidos que conseguirem sobreviver nas urnas aos critérios de uma legislação eleitoral direcionada para a redução no número de organizações partidárias — hoje são 35.

O dono do PL disse em público aquilo que outros dirigentes só falam em privado. Em Brasília, há semanas discutem fórmulas para ampliar o fluxo de dinheiro para campanhas.

Uma das alternativas em negociação é a aprovação rápida de legislação que permita aumento exponencial de doações privadas de pessoas físicas. A preferência, porém, é por novas regras que possibilitem o retorno ao financiamento empresarial de candidatos e partidos ainda nesta temporada eleitoral.

Costa Neto se mostrou objetivo: “Vamos ter que arrecadar, porque, senão, nós não conseguimos sobreviver. Não é só nós, tem muito partido prejudicado também. Esse negócio de não ter coligação também atrapalhou muito.”

Dificuldades maiores enfrentam os eleitores, cuja renda média caiu cerca de 9% nas regiões metropolitanas (para R$ 1.378) durante o ano passado. É a maior queda desde 2012,  demonstram pesquisadores da PUC-RS, do Observatório das Metrópoles e da Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina, com base em dados do IBGE.

Abra o olho, cidadão, o dinheiro público é seu também!

*Fonte Veja (texto de José Casado)

**Imagem meramente ilustrativa.

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