Notícias

Busca

MATRA

PF centraliza no DF apuração contra político

02 de março de 2012 - 15:30

Em um sinal de reconhecimento da morosidade das investigações criminais sobre políticos, as cúpulas da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal fizeram um acordo para que todos os inquéritos que envolvam deputados, senadores e ministros sejam centralizados na Corregedoria da PF, em Brasília.

A centralização das investigações foi idealizada no fim de 2008 pelo então diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, e o então presidente do STF, Gilmar Mendes.

Naquele momento, em meio à polêmica da Operação Satiagraha (que levou à prisão do banqueiro Daniel Dantas), Mendes criticou o que chamou de "espetacularização" das operações policiais.

O acordo, agora revelado pela Folha, foi acertado sem mudanças na legislação e entrou em prática em 2010. Ele consta de documentos inéditos que integram os 258 processos sobre autoridades com foro privilegiado no Supremo.

A reportagem mostrou no último domingo que erros e omissões de Ministério Público, Justiça e policiais levam à impunidade de políticos.

A PF informou a parceria a seus delegados em mensagem às superintendências estaduais: "Doravante todos os inquéritos oriundos daquele tribunal [STF] deverão ser analisados por autoridade desta Corregedoria especialmente designada para tanto".

Segundo o Supremo e a PF, a parceria é uma tentativa de acelerar as investigações, evitando ida e volta dos processos para os Estados dos políticos investigados.

Antes do acordo, os inquéritos, que são instruídos por um ministro do Supremo, eram repassados às sedes da PF nos Estados.

A assessoria de Gilmar Mendes afirmou que as mudanças tiveram "êxito significativo". "As modificações reformularam completamente a tramitação das ações penais, simplificando atos rotineiros, como intimações, notificações e produções de prova, que antes levavam anos."

Segundo a PF, desde 2010, tem aumentado o número de inquéritos concluídos.

O delegado Marcos Leôncio Ribeiro, da Associação Nacional dos Delegados da PF, que tem 2.000 filiados, disse que a Corregedoria "já está sem fôlego" para cumprir o acordo. "A PF tem feito várias tentativas para acelerar esses casos, mas o problema continua."

Wálter Maierovitch, juiz aposentado e ex-secretário nacional Anti-Drogas, disse que o acordo STF-PF "é uma péssima medida", pois concentra poder e pode influir na qualidade da investigação. "O investigador mais habilitado é o que está mais próximo do local do crime."

Fonte: Folha de São Paulo – 02/03/2012

Comentários

Mais vistos