Promotor do GAECO informa que documentação apreendida continua sendo analisada
Em entrevista concedida hoje à MATRA, o promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público) de Bauru, Neander Sanches, informou que ainda não há novidades sobre o caso envolvendo o ex-secretário da Fazenda e Chefe de Gabinete do Município, Nelson Granciéri, o Nelsinho.
“Ainda estamos analisando a documentação apreendida na Operação Dízimo”, informou.
De acordo com Sanches, o processo criminal contra Nelsinho continua seguindo normalmente e está em segredo de Justiça.
O processo corre na 1ª Vara Criminal de Marília, onde a denúncia contra Granciéri foi recebida, mas ainda não há data para o interrogatório do acusado.
Entenda o caso
Em 24 de novembro, o Gaeco e a Polícia Federal realizaram em Marília a “Operação Dízimo”, que teve como alvo Granciéri, afastado por ordem judicial de suas funções desde outubro deste ano devido a acusações de cobrança de propina de fornecedores da Prefeitura.
Nelsinho é suspeito de cometer os crimes de concussão (extorsão cometida por funcionário público), coação de testemunhas e lavagem de dinheiro.
A operação cumpriu nove mandados de busca e apreensão na cidade e um em Bauru.
Foram alvo das buscas a Prefeitura Municipal, o Jornal Atualidade e a gráfica que o imprime (localizada em Bauru), a clínica de estética Serena, de propriedade da mulher de Granciéri, três empresas de marketing e as residências de Nelsinho, Maurício Machado, o ‘Palhinha’ (dono do Jornal Atualidades), e André Belizário, assessor de Nelsinho supostamente envolvido no esquema.
A partir dos documentos apreendidos nessa ação, os promotores descobriram um esquema de “mensalão” pago por Nelsinho e seu grupo político a funcionários públicos, aliados e empresários da cidade.
A lista contendo beneficiários do esquema mensal gerenciado por Nelsinho chega a dezenas de nomes e vinha aumentando constantemente, informaram os promotores do Gaeco.
Documentos com a contabilidade dos pagamentos foram apreendidos na casa do ex-chefe de Gabinete, em mídias recolhidas durante a operação.
Segundo os promotores do Gaeco, Nelson confirmou a contabilidade do “mensalão” e afirmou que os pagamentos eram uma forma de manter o poder na Prefeitura de Marília.
Ele afirmou ainda que o grupo político ao qual ele pertencia realizava os pagamentos e ele gerenciava o esquema.
Nelson afirmou ainda que o prefeito Mário Bulgareli (PDT) sabia e estava junto nesse gerenciamento.
Como a prisão é preventiva, não há data para que Nelsinho seja liberado, exceto se o pedido de soltura feito pela defesa do ex-chefe de gabinete for aceito pela Justiça.
Além de Nelsinho, outras quatro pessoas, entre elas um funcionário público, são investigados nesse caso em específico. As investigações sobre o pagamento de propina continuam correndo normalmente na Justiça.