Show da má aplicação dos recursos públicos
Além desses gastos, a interdição da Avenida Sampaio Vidal prejudicou o trânsito na redondeza. Motoristas tiveram que fazer vários desvios. Foto: Matra
Em comemoração ao aniversário de Marília, hoje (03) será realizado um show com a dupla sertaneja Zezé di Camargo & Luciano. Somente para o cachê, a Administração gastou R$ 250 mil. Para a montagem de palco, iluminação e sonorização, a Prefeitura contratou duas empresas. A Aplle Produções e Locações de Equipamentos EIRELLI (São Paulo/SP) irá realizar o serviço por R$ 50 mil e a Piaf Produções Artísticas, Eventos e Locações LTDA – EPP (Santo Antonio da Posse/SP), cobrará R$ 79 mil.
No total, a Administração irá gastar R$ 129 mil apenas com montagem de palco, iluminação e sonorização. Até o momento, o valor total gasto é de R$ 379 mil. A questão é que segundo o Tribunal de Justiça, em acórdão relatado pelo Desembargador Oswaldo Luiz Palu, “o próprio TCE recomendou que festas locais devem ser realizadas mediante patrocínio e não com dinheiro de contribuinte, pois não são essenciais ou necessárias”. Ou seja, para a realização da apresentação musical, a Prefeitura deveria ter solicitado apoio de empresas privadas a fim de não gastar dinheiro público.
Além desses gastos, a interdição da Avenida Sampaio Vidal trouxe prejuízos para os comerciantes da redondeza. De acordo com reportagem divulgada pelo Jornal da Manhã no dia 02 de abril, comerciantes criticaram a medida e afirmaram que houve queda de 90% no movimento. Ainda segundo a reportagem, quando existem eventos da Virada Cultural e da Festa do Trabalhador, que são realizados no mesmo local, o palco é montado no dia anterior. Ou seja, a falta de planejamento trouxe prejuízo para os lojistas.
A Matra não questiona a comemoração ao aniversário da cidade, mas, sim, a inversão de prioridades. Se a Prefeitura afirma passar por dificuldades financeiras, então como pagará por esse show? A cidade não possui outras necessidades de investimentos? E o pagamento da reposição salarial dos servidores públicos municipais? A Prefeitura continuará afirmando que não tem dinheiro? E o que falar dos prejuízos causados aos comerciantes próximos ao local do show? A Prefeitura irá devolver aos lojistas a quantia que deixaram de arrecadar em cinco dias?
Na contramão da boa gestão dos recursos públicos, a Administração Municipal mais uma vez não prioriza os interesses da população. Seria a política do pão e circo?
