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Teatro Municipal: Protesto chama atenção para ‘drama’ vivenciado na cultura em Marília

23 de abril de 2013 - 10:35

Ao lado das obras abandonadas do Teatro Municipal, uma viúva chora copiosamente a falta que faz o espaço cultural um dia efervescente na cidade. Aos pés de um teatro fechado, acumulando sujeira e pichações, ela lembra a falta de incentivo à produção de cultura em Marília e lamenta o descaso com que a área vem sendo tratada pelo poder público municipal.

Foi desta forma, vestido como viúva e em um protesto solitário, que o decorador Marcelo Ortega viu a oportunidade de chamar a atenção dos marilienses para os inúmeros problemas da área cultural da cidade e poder manifestar a indignação em ter um espaço esquecido pelos governantes.

“O teatro fechado é uma falta de respeito com o mariliense”, diz. A ideia do protesto surgiu com mais força após a participação do decorador em um espetáculo em que senhoras precisaram se sentar em cadeiras de plástico e arquibancadas para apreciar uma apresentação de balé.

“Marília pode ser a Capital Nacional do Alimento, mas hoje é também a Capital Nacional da Falta de Cultura. Hoje não se tem apoio para a realização de nada, a área está totalmente esquecida. O protesto é para chamar a atenção mesmo e ver se, com isso, as pessoas também passem a cobrar e a situação possa ser mudada. Quem já entrou no Teatro depois destes anos fechado tem medo de ver como ele está”, diz.

O decorador conta que se apresentou muito no Teatro Municipal e lembra os tempos em que o espaço era pujante. “Deixar o teatro fechado é uma falta de respeito com a população mariliense. A cultura em Marília está largada, deixada em segundo plano.

Faltam intervenções artísticas, falta incentivo. O carnaval também já acabou, já foi. O povo não tem opção, a única coisa que a cidade oferece é barzinho.” A vendedora Rosana Pompeu lamenta a situação em que o Teatro Municipal foi deixada. “É lastimável até porque nos últimos oito anos a gestão teve condições de sobra para fazer essas obras e não o fez. Já participei de apresentações aqui, com peça de minha autoria em festivais estaduais, inclusive.

Assisti peças maravilhosas, com artistas renomados, já tivemos um teatro muito bom, infelizmente só temos a lamentar esse fechamento”, diz. O músico Alexandre Mascaro também critica a situação em que o teatro foi deixado. Ele conta que os dois últimos eventos em que participou tiveram de ser realizados na cidade vizinha de Garça, pois Marília não poderia abrigá-los.

“O encontro de corais de Marília aconteceu em Garça porque infelizmente a cidade não tem condições de recebê- los. Só tenho a lamentar a situação atual. Falta incentivo à cultura em geral e os artistas hoje ou fazem tudo por iniciativa própria ou por meio do Governo do Estado e patrocínios, por exemplo, porque o município não tem essa participação”, diz.

Segundo ele, desde 2006 a administração vem restringindo o apoio no setor. O coreógrafo e ator Ricardo Cabelini diz que sente muito a falta do teatro e de espaços em que as apresentações culturais possam ser feitas de forma adequada. “O Teatro Municipal me marcou muito, a minha primeira coreografia mesmo foi feita aqui. Hoje, todas as apresentações do nosso grupo, por exemplo, são fora da cidade”, reclama.

Ele comenta que Marília só dispõe de dois espaços para apresentações similares ao Teatro Municipal. Um deles é particular e cobra cerca de R$ 1,8 mil a diária. O outro, institucional, não teria espaço aberto o suficiente para apresentação de dança, por exemplo.

4 ANOS FECHADO

O Teatro Municipal foi fechado em 2009 para reformas simples, que teriam investimento de R$ 195 mil aproximadamente e que durariam cerca de dois meses. Pouco depois, imbróglio envolvendo o contrato firmado entre o município e a empresa Tortela & Tortela acabou na paralisação das obras. O local ficou à mercê do tempo, com móveis tomando chuva, entre outros. Após o episódio, a prefeitura abriu nova licitação, desta vez para uma obra maior, com troca de cadeiras, renovação dos banheiros, isolamento acústico, entre outros. Foram quase R$ 1 milhão. As obras foram paralisadas novamente em 2012, por falta de pagamento à empresa que realizava as obras.

PREFEITURA AGORA TENTA RECURSO ESTADUAL

Em nota, a prefeitura informou que já foi protocolado junto ao governo do Estado um ofício solicitando a liberação de R$ 2 milhões para a reforma do Teatro Municipal. “Paralelamente a isso, a Administração está verificando a possibilidade do rompimento de contrato com a empresa contratada pela gestão anterior e já está entrando em contato com uma empresa especializada em teatro para que apresente laudo sobre as condições do espaço e o que precisa ser feito para sua retomada”.

Fonte: Jornal da Manhã

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