Testemunhas do caso Vinícius Camarinha são ouvidas na PF em Marília
Delegado escutou sete pessoas por quase três horas.
Candidato teria oferecido festa para conseguir votos.
Na sexta-feira (23) foram ouvidas as testemunhas no caso que investiga a suspeita de compra de votos contra o candidato eleito em Marília, SP, Vinícius Camarinha. As pessoas chegaram na sede da Polícia Federal por volta das 8h.
O delegado que cuida do caso escutou sete pessoas por quase três horas. Entre elas, Caio Takaoka , filho do presidente da Câmara, Yoshio Takaoka, que também é investigado pela polícia por suposta compra de votos.
De acordo com as investigações, Vinícius teria feito uma festa para conseguir votos antes da eleição. A polícia quer saber dos indiciados quem teria pago pela festa. “A compra se daria por meio de churrascos oferecidos em chácaras na região da cidade. O candidato também deve ser ouvido”, explica o delegado Ailton Turíbio.
O advogado de Vinícius, José de Souza Júnior, acompanhou os depoimentos e nega que tenha havido irregularidades. “O prefeito participou de um evento e ele foi convidado, como uma quermesse ou qualquer outro evento. Não houve irregularidades e cumprimos uma campanha limpa em cumprimento à legislação eleitoral”, defende.
A Polícia Federal investiga o prefeito eleito há 15 dias. O processo que apura a participação dele em uma festa durante o período eleitoral é um pedido do Ministério Público, que recebeu a denúncia de que Vinícius Camarinha teria financiado o evento.
No processo, a promotoria eleitoral apresentou fotos em que o prefeito eleito aparece ao lado de Yoshio Takaoka. Nas imagens, Vinícius fazia discursos. A Polícia federal dever intimar o candidato nos próximos dias para que ele explique a participação no evento.
Novas eleições
Depois de realizada a recontagem dos votos para prefeito de Marília na tarde de quinta-feira (22), cabe ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) decidir se haverá ou não nova eleição na cidade.
“Tudo vai depender do que o TRE orientar para que façamos, o fato é que no dia da diplomação, se se mantiver essa situação, o candidato Vinícius não será diplomado. Esta é a diretriz que temos hoje”, explica o juiz eleitoral, Silas Silva Santos.
Vinícius Camarinha pode recorrer da decisão ao TRE. Só depois que o recurso for analisado é que as novas eleições devem ser marcadas, mas não existe prazo para isso. Se a situação não for resolvida até o dia primeiro de janeiro do ano que vem, o presidente da Câmara é quem assume a prefeitura provisoriamente.
Normalmente, o vereador mais votado nas urnas é o escolhido para ser presidente do Legislativo. Em Marília, o delegado Wilson Damasceno foi o mais votado.
A recontagem é uma formalização exigida pela lei eleitoral, já que os votos recebidos pelo candidato Vinícius Camarinha foram considerados nulos. Isso aconteceu porque Vinícius teve o registro de candidatura cassado em primeira instância. Ainda de acordo com Silas , ele teria usado rádios de Marília e um jornal para atacar adversários políticos.
Sobre o caso
O prefeito eleito de Marília teve o registro de candidatura cassado pelo juiz eleitoral Silas Silva Santos. A ação contra Vinícius Camarinha foi movida por dois adversários dele nas eleições deste ano. Eles alegam abuso do poder econômico e uso indevido das mídias sociais, jornais e rádios.
Segundo o advogado Éneas Hamilton Silva Neto, da coligação partidária de Daniel Alonso, também candidato a prefeito e um dos representantes da ação, Vinícius Camarinha "usou a imprensa para se promover e denegrir a imagem dos outros candidatos e isso interferiu no resultado das urnas".
Vinícius Camarinha confirmou que sabe da existência de uma representação de adversários contra a campanha dele. No entanto, ainda não foi notificado oficialmente da decisão do juiz eleitoral. Mesmo assim, disse que irá recorrer da decisão. “Se tiver uma decisão não favorável à escolha da população, que me elegeu nas urnas, eu vou trabalhar e recorrer até às últimas instâncias. Mas, até o momento não tenho nenhuma informação oficial”, afirma.
A decisão do juiz teria saído na sexta-feira (16) à tarde, minutos antes do fim do expediente. A reportagem da TV Tem teve acesso à decisão na segunda-feira (19), disponível no Cartório Eleitoral. Nela, o juiz cassa o registro de candidatura de Camarinha e do vice-prefeito pelos motivos apontados na ação movida pelas coligações de Daniel Alonso e Ticiano Tóffoli, o que deixa dos dois inelegíveis por oito anos.
A decisão também inclui a empresária Sandra Mara Norbiato, dona de um jornal impresso de Marília, que também ficaria inelegível para cargos públicos nos próximos oito anos. Como ela não foi candidata nas últimas eleições, a decisão vale para os próximos pleitos. Por telefone, a empresária disse que irá recorrer da decisão e afirmou estar surpresa. "O nosso jornal é democrático e não apoiou nenhum candidato durante as eleições, dando igual espaço para todos", ressaltou.

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Fonte: G1