Ética e a educação no Brasil (parte 1)
*Tayon Berlanga
O século 21 começa colocando desafios ao homem, que precisa responder a questões herdadas e postas pelo século passado. Estamos diante de um horizonte que nos inquieta. A nossa situação se assemelha à daquele caçador que precisa enfrentar a floresta que apareceu em sua frente, que lhe apresenta apenas a entrada, mas o desconhecido é o seu futuro. Na verdade, essa é a marca de nossa história. Quanto mais conhecemos, a amplidão de novos saberes, formas de conduta e de pensar fazem com que nos sintamos incomodados. A sensação é de desconforto e insegurança – e até de ignorância. Os nossos tempos parecem confirmar a idéia presente já no “Manifesto comunista”, em que tudo que é solido se desmancharia no ar. Vivemos a era das incertezas.
Desse ponto de vista, penso que ainda precisamos fazer algumas reflexões sobre o que queremos de nós nesse mundo. Para essa tarefa, creio que nos é exigida uma redefinição e uma melhor compreensão do sentido e do papel que a ética cumpre e cumpriu ao longo de nossa existência. Somos seres cognoscentes, políticos, estéticos, mas também somos dotados de sementes ou de uma dimensão que nos torna capazes de decidir e escolher o que queremos para as nossas vidas, seja como seres individuais ou sociais.
Há um desejo recôndito na alma contemporânea em estabelecer um conjunto de premissas que estariam arranjadas de tal forma que poderiam colaborar nas decisões e no sentido que atribuímos as nossas formas de comportamento. Por isso, muito se tem falado, escrito e debatido sobre a ética. Para aprofundarmos nessas questões, vamos olhar para a realidade educacional. Sabemos o quanto nos preocupa o tipo de formação que devemos que devemos oferecer aos nossos alunos – a ética ressurge, em nossos dias, como tema privilegiado dos debates e das iniciativas oficiais sobre a educação Basta ver os PCNs, que são de 1998 e ainda se pretende trazê-los para o espaço escolar. Diz um trecho do livro “Parâmetros Curriculares Nacionais”. “enfrentar o desafio de instalar, no processo ensino e aprendizagem que se realiza em cada uma das áreas de conhecimento, uma constante atitude critica, de reconhecimento dos limites e possibilidades dos sujeitos e das circunstâncias, de problematização das ações e relações e dos valores e regras que os norteiam”.
A ética está no centro das discussões no mundo atual, tempo em que lhe há um rasgamento da máscara das ilusões, onde certas pretensões e certos objetivos são considerados inatingíveis e indesejáveis.
*Tayon Berlanga é presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Marília.