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Uma conta que não fecha

13 de novembro de 2012 - 07:44

Reportagem publicada no jornal "O Estado de São Paulo", de 10/11/2012, assinada por Bruno Boghossian, informa que na prestação de contas à Justiça Eleitoral na cidade de São Paulo, o dono da campanha eleitoral mais cara foi o vereador eleito Milton Leite do DEM.

Gastou a bagatela de R$ 3.400.000,00 e que, de funcionários de seu próprio gabinete, recebeu a doação de R$ 61.000,00, dentre eles, seu motorista, Pedro Luis Santos Frade, que doou R$ 13.000,00.

Segundo o jornal, o salário mensal desse motorista é R$ 12.700,00 e o do vereador R$ 9.288,00.

Esse fato nos remete a uma reflexão:

É sabido que o ignorante é pior que o analfabeto, porque o analfabeto, como não sabe ler, tem certeza que é analfabeto, já o ignorante desconhece a própria ignorância.

Há analfabeto que ao ouvir falar que o motorista do vereador ganha R$ 12.700,00 e o vereador R$ 9.288,00, vai perguntar para o alfabetizado que leu a notícia: “ué, sempre ouvi falar que esse negócio de país bom para todos, mais justo, as pessoas têm que estudar, se preparar, desenvolver uma tal de tecnologia, por isso, elas acabam ganhando mais que aquelas que se preparam menos, é isso? Ou sempre ouvi errado?”

Também conheço analfabeto que sabe fazer conta e muito bem. Esse com certeza vai perguntar: “ué, como alguém pode ganhar R$ 9.288,00 por mês durante um mandato de 48 meses e gastar R$ 3.400.000,00 para se eleger?”

Esse valor corresponde a 366 meses de salários recebidos, ou seja, trinta anos e meio, quase oito mandatos.

Será que ele vai representar os doadores da campanha ou a coletividade municipal como um todo?

Precisamos de uma reforma política urgente, principalmente nos financiamentos de campanha e no sistema de coligações, se quisermos representantes legítimos da sociedade e não de uns poucos e acabarmos com essa democracia disfarçada.

Ou então, só nos resta caminhar como alfabetizados que só sabem ler, mas não sabem entender e, portanto, ignorantes, bem piores que muitos analfabetos.

* Edgar Cândido Ferreira – membro da Matra

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