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12 de julho de 2011 - 11:00
Levantamento divulgado pelo instituto Brasi­leiro de Planejamento Tributário (IBPT) indica que, nos últimos 20 anos, foram editadas aproximada­mente 34 normas tributárias por dia. Dos 365 dias do ano 148 são destinadas ao pagamento de tribu­tos, que são revertidos para o bem comum, através de investimentos em estradas, portos, aeroportos, casas populares e custeio de bens e serviços pú­blicos, como saúde, segurança e educação, Temos saúde, segurança e educação? Para onde vai tanto dinheiro arrecadado?
 
A corrupção tem um custo médio anual para o Brasil entre R$ 41.5 e R$ 69,1 bilhões, segundo re­velou o ministro Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça! na palestra de encerramento do 1 Congresso do Patri­mônio Público e Social do Ministério Público de São Paulo, no dia 21 de agosto de 2010. Temos escân­daLos os mais diversos publicados peLa imprensa e não se vê punição alguma.
 
Aliás, os envolvidos se comportam como se nada aconteceu e até são li­sonjeados pela nossa sociedade. Vemos a mentira, lamentavelmente transformar-se em verdade!
 
O crime organizado hoje é uma realidade e não se pode falar que exista soberania absoluta no Bra­sil, tal qual reza o art. 1º, inc. I , da Constituição. Há determinadas regiões nas quais quem governa são os bandidos, que usam parte do dinheiro arrecada­do ilicitamente para a manutenção do crime, paga­mento de propinas e outra parte, considerada como lucro, é investida em atividades lícitas, através do processo de transformação do dinheiro ilegal em dinheiro legal, por meio da "Lavagem". As organi­zações criminosas são respeitadas e temidas pelo poder de fogo, ou seja, o grau de violência, estando muito mais bem aparelhada que as polícias. Aliás, reportagem especial do Jornal da Record de 12 de setembro de 2010, mostrou dois assaltos, um em Minas Gerais e outro em Mato Grosso, onde os as­saltantes apareciam diante das câmaras portando armas privativas do exército e atirando a esmo, para mostrar o poder de fogo que eram capazes de exer­citar e a Lei a ser seguida.
 
O tráfico de drogas vem exterminando as famí­lias brasiLeiras. A Lei nº 11.343/06 desprisionou os usuários de entorpecentes e tornou até mais bran­da a punição do traficante, se comparada com a anterior, de nº 6.368/76, cuja pena mínima era de três anos e, agora, passou a ser de 1 ano e 8 me­ses, admitindo até, segundo o STF, a substituição por penas alternativas. Antes, não era permitida a progressão ao autor de crime hediondo e hoje esta é admitida, deixando a pena sem utilidade alguma, pois se tornou uma chacota para os infratores. O usuário, que dá sustentáculo ao tráfico, é apenado com advertência e prestação de serviços à comu­nidade, mas se disser que não vai cumprir a pena, ficará por isso mesmo, sem punição alguma. Há previsão de que até 2012, 33.400 jovens sejam as­sassinados no Brasil.
 
A violência existente aqui foi classificada como "bastante grave" em comparacão com o cenário internacional, ocupando o sexto lugar entre os pa­íses mais violentos. Esta informação foi prestada pelo secretário executivo da Secretaria de Assun­tos Estratégicos, Luiz ALberto Salomão, em pales­tra durante seminário no OG do Exército, intitulado Segurança Internacional: perspectivas brasileiras. Segundo ele, a vioLência é um dos fatores de vul­nerabilidade à segurança interna e ao atual de­senvolvimento brasileiro. Na tabela apresentada. com base em dados colhidos entre 2004 a 2007, mostrou-se que o Brasil é um pais quatro vezes mais violento que os EUA (27º lugar) e está atrás da Guiana (9º) do Paraguai (12°), da África do Sul (16°), do México (19º), Chile (28°), Argentina (32º) e Uruguai (35º).
 
O Decreto n° 678 de 06/11/92, que promulgou a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), a famosa Con­venção Americana sobre Direitos Humanos, pre­ga com todas as Letras, que "Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida e que esse direito deve ser protegido pela lei, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente" (art. 4°). Seu art. 5°ressalta o direito à integridade pessoal, en­quanto o art. 7° recita o direito à Liberdade, dando especial destaque ao seguinte enunciado: "Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais". Ainda. são referenciadas a proteção da família, da propriedade e, mais, à honra e digni­dade, da livre circuLação pelas ruas das cidades etc. É cumprida a Lei dos Direitos Humanos? Ela é universal!
 
Quando uma vítima é assaltada! há violação dos direitos humanos! Quando uma propriedade particular é invadida, há violação dos direitos hu­manos. Quando uma pessoa passa a noite na fila dos hospitais para atendimento médico, há trans­gressão dos Direitos Humanos! A propósito, é co­nhecida alguma luta ou exigência de que se cum­pra o enunciado dos Direitos Humanos? ALguém assistiu, percebeu ou ouviu algum pro­testo pelo descumprimento dos Direitos Humanos dos ho­mens de bem?
 
Infelizmente! no Brasil, glorificam-se criminosos e se pune a sociedade ordeira, que é com pungida a arcar com pesados tributos! para o funcionamento de uma má­quina estatal ineficaz, em­perrada e corrompida.
 
Anualmente, com uma canetada, sem base alguma em processos ou elementos probatórios, nossos presidentes baixam decretos de indulto, perdo­ando a pena de criminosos já condenados irre­corrivelmente, em total menosprezo à sociedade ordeira e a todos que trabalharam nos proces­sos que geraram as condenações. vilipendiando policiais, delegados, promotores, juízes, advo­gados. ca rtorários. homens íntegros que pagam tributos etc.
 
Não comungamos com a recompensa que se dá aos criminosos. Isto significa falta de morali­dade e de respeito para com as pessoas honestas, que trabalham para o pagamento de pesados tri­butos e não recebem contraprestação por parte do estado. É a impunidade e complacência com a violência, gerando a inversão de vaLores. É humi­lhante ver o reconhecimento de invalidez de quem é válido!
 
No dia 22 de setembro de 2010, nas escadarias da Faculdade de Direito do Largo São Francisco da USP, foi lançado um manifesto fazendo críticas ao comportamento do governo em episódios como a quebra do sigilo fiscal de pessoas, sem obser­vância das normas legais, exigindo-se a observância dos limites da lei para impe­dir os abusos e pedindo que se puna com eficácia quem os está praticando alertan­do que, numa democracia, nenhum dos poderes é so­berano. Soberana é a Cons­tituição, pois é ela que dá corpo e aLma à soberania do povo. Assinaram o manifes­to 58 pessoas, podendo ser citado Dom Paulo Evaristo Arns, Hélio Bicudo, procu­rador de justiça aposentado, o ex-ministro do STF Carlos Velloso, o professor Renê Anel Dotti e o economista Mailson da Nó­brega, entre outros.
 
É difícil digerir o desrespeito quevem sendo imple­mentado aos Direitos Humanos dos honestos traba­lhadores. Neste momento crucial, a união dos povos é imprescindível, para que, irmanados num único objetivo possamos pleitear mais seriedade na aplicação dos nossos direitos assegurados na Constituição Fe­deral e leis extravagantes. Jamais poderemos perder os sonhos de habitarmos um mundo melhor porque a esperança está depositada naquels pessoas cons­cienciosas! que lutam com dignidade, respeitam os limites legais, amam a Pátria e não desanimam com as inconsequências hoje expostas à vista de todos.
 
Será que a sociedade precisa se preparar me­lhor diante das enfermidades e intransigências sociais que estão surgindo? Não vaLe a pena um esforço maior para termos melhor quaLidade de vida? Que herança queremos deixar para os que hão de vir? Deveremos continuar escravos dos valores corrompidos de desonestos e irresponsá­veis? Seremos eternos serviçais das disfunções dos criminosos? Daremos espaço para os que es­tão dizimando as famílas? A impunidade e o per­dão a bandidos devem prevalecer numa sociedade Legitimamente organizada? Ainda há homens de bem? Por que não agir?
 
Disse Sócrates, filósofo grego, que "unca sabe­mos se uma linha é torta até que colocamos uma linha reta a seu Lado". Será que a transformação moralmente condenável e totalmente reprovável por que passa a sociedade brasileira não está sen­do perceptível? A verdade deve ser substituída pela ambiguidade moral? Deveremos aceitar passiva­mente a prisão domiciliar imposta aos homens de bem e a liberdade plena oferecida apenas aos infra­tores da lei? Não se esqueçam nunca que a verdade pode ser mostrada também num uivo de protesto, como este que faço agora!
 
A respiracão ruidosa da agonia precisa ser re­cuperada. A harmonia, justiça, paz, seriedade, mo­ralidade, integralização de vaLores ainda podem ser encontradas, seguindo a bússola da virtude, que aponta sempre na mesma direção, qualquer que seja a moda ou a tendência. Todo conceito de ver­dade pode ser extraído de quem aprendeu a arte de construir uma vida digna. Nosso caráter e nossa discriminação ética são desenvolvidos com base em nossas pequenas decisões, que não estamos ado­tando. São os pequenos insetos que derrubam as grandes árvores quando não erradicados de pronto!
 
Precisamos fazer uma revolução para espa­lharmos em todas as direções valores e mais va­lores que enalteçam e otimizem os seres huma­nos para a luta por um mundo melhor! Estamos passando pela crise, também, da virtude. Hoje em dia, um número grande de pessoas tem con­dições de viver muito bem, mas carece de uma razão para se viver bem! Por que existimos? Qual a finaLidade de viver?
 
É preciso estabelecer quais valores adotaremos para nossas vidas. Todos somos condicionados a valores! O corrupto tem seus valores. O assaltan­te está condicionado e atua motivado por valores. O mesmo acontece com o matador de mulheres e de homens, com o ladrão, os honestos etc. É de se indagar quais valores queremos seguir. Não podemos esquecer que tudo na vida são escolhas e nossas escolhas têm consequências pela vida afora. Pela história afora e, assim por diante, por toda a eternidade. Muitos não aceitam esta verdade e passam dando explicações para suas fraquezas. Lamentando-se ou culpando outros por suas defi­ciências. Nossas escolhas vão muito além do que imaginamos. O que queremos escolher diante de nossa atualidade?
 
Fonte: Antonio Batdin, Promotor do Justiça aposentado de São José do Rio Preto-SP

 

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