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Vamos trabalhar ministros!

27 de março de 2013 - 11:49

Todo o mundo sabe que a justiça brasileira é sinônimo de lentidão e os processos chegam a caducar nos tribunais. Há casos que ficam décadas à espera de solução, o que é simplesmente vergonhoso. Reclama- se muito da falta de juízes e desembargadores e também reclama-se dos salários. Contudo, uma das classes mais privilegiadas neste país é exatamente a do Judiciário. Também se diz que a justiça é cega! Pois é, com isso muita gente concorda, pois muita coisa fica sem ser vista, passase por cima e quando os réus são abonados e podem gastar muito dinheiro com advogados importantes os processos se arrastam por mais tempo ainda. Dificilmente essa gente vai para a cadeia (e fica). Carlinhos Cachoeira, com todos os crimes possíveis já denunciados, continua livre, leve e solto. José Sarney, Renan Calheiros e tantos outros políticos importantes, daqueles considerados “criminosos do colarinho branco”, têm processos engavetados; outros encalhados e as denúncias viram pó. Pior ainda é depois do estardalhaço todo com o mais famoso caso de corrupção deste País, o mensalão, ainda ninguém foi preso para cumprir as penas impostas pelo Supremo Tribunal Federal. Tudo por uma questão burocrática: a publicação do acórdão com as penas dos criminosos. Ministros do Supremo Tribunal Federal consideram praticamente inviável a publicação do resultado do julgamento do mensalão no prazo oficial, que termina na próxima segundafeira. O acórdão deve reunir mais de 2.200 documentos com votos e intervenções dos ministros na análise do caso, segundo informação da corte. Mas os ocupadíssimos ministros do STF apontam que há dificuldades para que o prazo seja cumprido especialmente porque o recesso de Páscoa começa hoje. Para os pobres mortais o feriado é apenas na sexta-feira. Alguns integrantes do STF calculam que o texto deva ser divulgado a partir de 8 de abril. Enquanto isso a quadrilha do mensalão chefiada pelo ex-ministro e ex-deputado federal cassado, José Dirceu, está à solta, comemorando com vinhos, bacalhau e ovos de Páscoa, rindo da justiça. O acórdão é fundamental para o início do cumprimento das penas dos 25 condenados, pois abre prazo de cinco dias para a apresentação dos recursos das defesas contra condenações e do Ministério Público Federal sobre as 12 absolvições. Dos 11 ministros que participaram da análise do processo, 3 ainda não liberaram a revisão: Rosa Weber, Dias Toffoli e Celso de Mello. Tradicionalmente, o prazo para a publicação do acórdão não costuma ser respeitado no STF porque se trata de uma norma interna e não prevê qualquer sanção caso não seja cumprido. Até o fim do ano passado, mais de 2.000 ações esperavam a publicação do acórdão – a maioria com prazo ultrapassado. Não é uma vergonha? Afinal, senhores ministros, vossas excelências já ganham muito bem, além das benesses que o cargo proporciona, portando deveriam trabalhar pelo menos um pouco a mais, se bem que mesmo assim nunca chegariam ao árduo período de trabalho dos comuns cidadãos brasileiros, com boa parte ganhando apenas o miserável salário mínimo.

Editorial Jornal da Manhã – 27/03/2013

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