A instalação na semana passada do recente formação do Conselho Ética do Congresso Nacional surpreendeu muita gente e contribuiu ainda mais para o descrédito que popular quanto à política brasileira.
Isso porque, muitos dos seus novos integrantes são alvos de investigações originárias de todo tipo denúncia. Dentre os novos integrantes do Conselho de Ética está a conhecida figura de Abelardo Camarinha (PSB-SP) que é réu em quatro ações no Supremo Tribunal Federal (STF), além de ser alvo de investigação em outros seis inquéritos. Esses dados foram amplamente explorados em matéria veiculada pelo jornal O Estado de São Paulo (http://bit.ly/dHxhxr).
Madre Tereza de Calcutá
Na referida matéria, o próprio deputado foi questionado pela reportagem do jornal e Camarinha ainda minimizou a quantidade de processos dizendo-se inocente e que os processos têm relação com suas gestões como prefeito de Marília. No momento mais disparatado de suas declarações, o deputado chegou a comparar-se a falecida benfeitora Madre Tereza de Calcutá: “se a Madre Tereza de Calcutá fosse prefeita, também teria seis ou sete processos contra ela”.
Queremos crer que se trate de mera força expressão, pois o deputado tem muita facilidade para usar esse tipo de expediente, para convencer as massas desinformadas. Afinal, como se sabe, Madre Tereza foi uma missionária católica nascida na República da Macedônia e naturalizada indiana, fundadora da congregação “Missionárias da Caridade” e beatificada pela Igreja Católica em 2003. Era considerada, por alguns, a missionária do século XX, tornando-se conhecida, ainda em vida, como “Santa das sarjetas” e não traz em seu currículo processo algum.
“Santa das sarjetas”, como era conhecida pelo seu trabalho, dedicou toda a sua vida em favor dos humildes e descamisados e jamais se interessou por política.
A comparação não foi feliz e, certamente, o padrão de vida da santa missionária não tenha sido o mesmo do de um deputado, que tem que atender a “convites para padrinho de casamento”, “para padrinho de formatura” e todos esses contratempos que ocorrem na vida de um deputado, como bem informou Camarinha recentemente, em entrevista concedida a um conhecido programa da TV Band, o CQC, quando procurou justificar seu voto em favor do aumento que os deputados federais concederam a si próprios (http://bit.ly/gcorem).
“Formação de quadrilha”
A repercussão na grande imprensa sobre sua participação no Conselho de Ética continua essa semana, com destaque mais uma vez no conceituado programa CQC, da Band. Do elenco de jornalistas do programa, a repórter Mônica Iozzi foi à Brasília fazer a cobertura da nova formação do Conselho de Ética.
Para iniciar a matéria, a jornalista perguntou ao deputado Sílvio Costa (PTB-PE) o nome de dois ou três deputados que foram cassados pelo Conselho de Ética e cumprem pena até hoje, mas seu entrevistado só se lembrou de mesmo de Hidelbrando Paschoal.
Em seguida, Mônica questionou o deputado “como é que uma pessoa que tem acusação de formação de quadrilha pode estar no conselho de ética” e o mesmo deputado se mostrou surpreso com a afirmação, que disse desconhecer. A jornalista revelou então que se tratava do deputado federal Abelardo Camarinha, com sua foto emoldurada sendo exibida na parte inferior da tela quando da menção de seu nome.
O vídeo do quadro fixo do programa que aborda fatos relacionados ao poder público federal, direto de Brasília, foi exibido ontem à noite e a sequência que aborda o ex-prefeito de Marília e atual deputado federal por ser conferido acessando o link direto: http://cqc.band.com.br/videos4.asp?v=2c9f94b62ed4be20012edb9f50f80408