Político é uma classe desmoralizada e, cada vez mais, desvalorizada, passando por muitos vexames e muita cobrança da população, principalmente prefeitos e vereadores. Afinal, esses estão mais próximos dos eleitores, nas próprias cidades. Todo mundo sabe que político promete mundos e fundos para se eleger, como são os casos dos prefeitos. Eles sempre têm uma tônica já desgastada de criticar o antecessor, crucificando-o como incompetente. Daí começam as promessas, como se fossem super-homens com cérebros privilegiados e prontos para resolver todos os problemas que afligem a comunidade.
Mentira! É sabido que tudo não passa de balelas de palanques e que logo que assumem os cargos o quadro de campanha perde a beleza e vira quadro negro. Gasta-se demais, principalmente com compromissos de campanha, com cargos comissionados e o pior: administra muito mal a dinheirama que entra com pesados impostos. Mas não falta a choradeira! E ainda têm muita cara-de-pau para reclamar de dívidas anteriores (eles passam quatro anos fazendo a mesma reclamação, o que só serve para confirmar a incompetência de não ter resolvido o problema) e da falta de recursos estaduais e federais.
Na última quarta-feira, alegando queda na arrecadação e no repasse de recursos dos governos federal e estadual, prefeitos do interior de São Paulo foram ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) pedir um “desconto” na análise das contas municipais deste ano. Vejam a que ponto chega petulância dos prefeitos! A maioria admite que não deverá conseguir cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece limite de até 54% do Orçamento com a folha de pagamento do funcionalismo público. E há casos, como o de Marília, em que sequer foram cumpridos todos os compromissos salariais com os servidores, que até fizeram greve de um mês.
Segundo a Associação Paulista dos Municípios (APM), a situação afeta grande parte dos 645 municípios paulistas. Político não perde a pose: “Este ano atípico tem que ser considerado na avaliação. Se o prefeito enxugou os gastos, não foi por falta de empenho que houve algum extrapolamento”, choramingou Marcos Monti, prefeito de São Manuel e presidente da APM.
É bom lembrar que o desrespeito à LRF pode implicar na rejeição das contas municipais, o que pode tornar o prefeito inelegível. Os prefeitos pediram ainda redução no valor de multas aplicadas para irregularidades. Só em 2012, 335 cidades, de um total de 634 avaliadas, tiveram problemas na prestação de contas. Não é estranho? Afinal, o contribuinte que deve para a Prefeitura tem que pagar com multa, juros, etc e tal. Não tem perdão! Já os prefeitos querem dívidas perdoadas.
Para ficar bem claro, a presidente do TCE, Cristiana de Castro Moraes, disse aos prefeitos que o papel do órgão é a fiscalização (e não perdão), mas afirmou que o tribunal pode orientar as prefeituras. É mesmo um absurdo e o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas, Múcio Zacharias, chamou o pedido por alívio de “verdadeiro descalabro. O que as prefeituras têm hoje é má gestão. Querem quebrar as regras do jogo, jogar a legislação no lixo”. Faltam mesmo é vergonha, competência e responsabilidade. E cabe aos eleitores ficarem de olho nos prefeitos e vereadores para que não cometam os mesmos erros nas próximas eleições!
Editorial publicado pelo Jornal da Manhã (28/08/2015)