A sociedade está impaciente. Não aguentamos mais pagar caro (aproximadamente R$ 1 milhão por mês) para que uma empresa terceirizada – contratada emergencialmente – leve para outras cidades as mais de 6 mil toneladas de lixo produzidas mensalmente em Marília, até porque isso não resolve o problema.
O fato é que por muitos, mas muitos anos mesmo, as administrações anteriores jogaram o lixo para debaixo do tapete. O resultado é que o tapete ficou pequeno demais para esconder tanta sujeira e aí passamos a “nos livrar do problema” da maneira mais fácil: o levando para longe de nossos olhos e narizes (porque esse assunto cheira mal mesmo), só que a um custo bem elevado, diga-se de passagem.
Ora, não é porque há décadas não fizeram nada de concreto para resolver o problema que vamos continuar “empurrando com a barriga”! É preciso encarar o problema de frente e, quem sabe, transformar despesas em receitas no futuro.
Para se ter uma ideia do quanto o tema preocupa a sociedade, no Workshop do CODEM (Conselho de Desenvolvimento de Marília), realizado no dia 15 deste mês – do qual já falamos bastante em artigos anteriores – a maioria dos mais de 140 participantes, de diversas entidades e segmentos da sociedade, elegeu a ausência de um plano de gestão de resíduos sólidos e a falta de coleta seletiva como o principal problema a ser corrigido e que prejudica o desenvolvimento do Município.
A situação é tão grave que, além da Prefeitura estar gastando mensalmente R$ 1,4 milhão, equivalente a R$ 17 milhões por ano e R$ 76 milhões em apenas um mandato (cálculos da Matra), para a empresa contratada emergencialmente coletar uma parte do lixo produzido na cidade e transportar cerca de 6 toneladas de lixo para aterros regulares em outras cidades (de acordo com reportagem recente publicada no Jornal da Manhã) – contratação que, lembramos, está sendo investigada pelo Ministério Público por suspeita de “emergência fabricada” – só nos dois primeiros anos da gestão Daniel Alonso (2017 e 2018), o Município já foi multado oito vezes pela CETESP (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), no valor total de aproximadamente R$ 340 mil.
É importante contextualizar que a maioria das autuações se deu por conta de descarte inadequado de resíduos da construção civil e outros tipos de materiais em áreas de “descarte provisório”, criadas pela Prefeitura no Distrito de Lácio (já interditada pela CETESB) e no Distrito Industrial Santo Barion (ainda em uso).
E sabe o que é mais absurdo nisso tudo? Primeiro o fato de uma cidade do tamanho de Marília não ter COLETA SELETIVA. Não é preciso ser especialista para concluir que com a separação dos materiais recicláveis seria possível diminuir consideravelmente o volume do lixo a ser enviado para o aterro e, consequentemente, reduzir o valor investido no transbordo (uma vez que pagamos por tonelada transportada). Mas além disso, a coleta seletiva possibilitaria a GERAÇÃO DE RENDA para dezenas de famílias e Cooperativas de Catadores que atualmente “garimpam” latinhas de alumínio pela cidade para proverem o sustento de suas famílias, evitando assim, a possível dependência da Assistência Social.
Tão absurdo quanto jogarmos dinheiro no lixo (que é o que ocorre atualmente), é deixarmos passar a oportunidade de gerar receita com ele. O mesmo grupo do CODEM que se dispôs a refletir sobre os problemas que comprometem o desenvolvimento de Marília também apontou o lixo como OPORTUNIDADE para o futuro. Aí você já deve estar se perguntando: como assim?
É que enquanto o lixo estiver sendo tratado apenas como um problema – um problemão, aliás – ele vai continuar consumindo cada vez mais recursos públicos. Mas a partir do momento que se elaborar um plano de resíduos sólidos e de investimentos para que haja o melhor aproveitamento do lixo como fonte de energia e de renda, surge uma oportunidade de negócio, de geração de receita para o Município.
Curiosamente em junho de 2011, ou seja, quase 8 anos atrás, a Matra realizou uma Plenária para discutir a destinação do lixo e, na época, já se cogitava a possibilidade da construção de uma USINA DE TRATAMENTO DE LIXO em Marília. Um dos palestrantes foi o ex-Deputado Federal, Sérgio Nechar, que foi relator do Plano Nacional de Resíduos Sólidos e visitou usinas de tratamento de lixo de alta tecnologia em diversos países. Naquela época (2011), disse Nechar: “Ao invés de gastar R$ 600 mil por mês para realizar o transbordo, mais R$ 250 mil para a manutenção do aterro, Marília pode gastar de R$ 16 milhões a R$ 40 milhões com a construção de uma usina, dependendo da tecnologia utilizada”.
O que percebemos é que o custo da destinação do lixo mais do que dobrou nesse período e os gestores municipais ainda não deram ouvidos à sociedade. Uma pena, já que todos saíram perdendo do ponto de vista ambiental, social e econômico.
Mas nós não desistimos e mais uma vez trazemos o tema à tona. É preciso ação! Uma nova licitação para o transbordo do lixo e a construção de quatro Ecopontos não resolvem o problema, infelizmente.
Não existe uma fórmula mágica, o jeito é arregaçar as mangas, se debruçar sobre a questão, ouvir quem entende do assunto e buscar a melhor solução possível. Chega de paliativos! Uma nova plenária sobre lixo vem aí. Participe e ajude a mudar Marília para melhor, porque a cidade tem dono: VOCÊ!
ABAIXO-ASSINADO
A Associação Ambientalista Origem tem uma Petição em andamento para solicitar a implantação da Coleta Seletiva em Marília. Participe!