A Prefeitura de Japeri, na Baixada Fluminense, exonerou o secretário de Meio Ambiente, Yuri Santos. O estudante de 19 anos, que não tinha nenhuma experiência na área e ainda tinha mãe e avó lotadas na mesma secretaria, ficou à frente da pasta por quase quatro meses.
A revelação da nomeação do estudante para a Secretaria de Meio Ambiente, feita pelo RJ1 (Telejornal da Rede Globo) da última segunda-feira (3), revoltou os moradores e continua repercutindo em Japeri.
“A cidade faltando de tudo, não tem nada e essa pouca vergonha acontecendo”, esbravejou um morador.
Outro morador também ficou decepcionado. “Um absurdo. Infelizmente, essa é a máquina não só do nosso município, como o Brasil. Isso é corrupção”, disse o morador.
Por quase quatro meses, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semades) foi comandada pelo Yuri, que é aluno matriculado no Instituto Federal de Educação de Paracambi.
Ele foi nomeado secretário em abril, com um salário de mais de R$ 10 mil. Mesmo assim, Yuri pediu e recebeu duas parcelas do auxílio emergencial do governo federal. Os pagamentos aconteceram em abril e maio, quando Yuri já era secretário.
Depois que o RJ1 mostrou esse escândalo, a Prefeitura de Japeri disse que Yuri não ocupa mais o cargo. A prefeitura alega que a exoneração já tinha acontecido no último sábado (1º). Mas a saída só foi publicada depois que a reportagem foi ao ar. No Portal da Transparência da cidade, a edição do Diário Oficial só foi disponibilizada na tarde de segunda-feira (3).
Desde então, a equipe do RJ1 tenta uma entrevista na prefeitura, mas até o fechamento desta reportagem ninguém respondeu à solicitação.
Yuri não estava sozinho na Semades. Durante quatro meses, ele acabou virando chefe da mãe Fabiana Silva, gerente administrativa da secretaria, e da avó Lúcia Silva, oficial de gabinete. Na eleição passada, as duas fizeram campanha para o ex-prefeito de Japeri.
Yuri Santos assumiu a secretaria no lugar de Kérly Gustavo Lopes. Ele deixou a Semades em março para concorrer a vereador nas eleições deste ano.
Tanto Kérly quanto a família de Yuri são aliados do ex-prefeito Carlos Moraes, que foi afastados do cargo em julho de 2018, depois de ser preso por associação ao tráfico de drogas. Ele foi solto no ano passado, mas continua proibido de entrar na prefeitura.
Segundo a reportagem, publicada no Portal G1, Japeri é um dos municípios mais pobres do estado do Rio de Janeiro. A cidade não tem hospital próprios nem tratamento de esgoto. No município onde sobram cargos falta de tudo.
O porteiro José Augusto da Silva, que mora em Japeri há 30 anos, conta que na casa dele nunca teve nem rede de água.
“Não tem água encanada, não tem rede de esgoto, a rua é toda de lama. Quando dá sol, é poeira. É isso que a gente vê: o cidadão ganhando um salário desse e a gente abandonado”, disse José Augusto.
A Dataprev disse que está checando a situação do auxílio emergencial do Yuri Santos. O Ministério Público do RJ informou que o caso está em análise pela 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva para a adoção de medidas cabíveis.
A pergunta que fica é: Até quando vamos continuar aceitando situações como esta? E podem ter certeza que, infelizmente, não trata-se de um caso isolado de uma cidadezinha do Rio de Janeiro.
*Fonte: G1
**imagem meramente ilustrativa.