COLETA SELETIVA EM MARÍLIA: UM PASSO PARA FRENTE E DOIS PARA TRÁS. INFELIZMENTE.

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Desde a realização da Plenária do Lixo pela Matra, em agosto do ano passado, a OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) vem sendo cobrada sobre a implantação das propostas apresentadas no evento que, indiscutivelmente, foi um marco na história de Marília.
O auditório lotado na ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marília), foi uma clara demonstração não apenas da insatisfação de uma grande parcela da população (já que ali estavam representantes de diversos segmentos da sociedade), com a maneira como o lixo vem sendo tratado na cidade há décadas, como também evidenciou que a sociedade civil organizada está mais do que disposta a ajudar a encontrar uma solução para esse grave problema.
A Matra já apontou isso tantas vezes que já se tornou repetitiva. Mesmo assim, esse grupo de pessoas engajadas (que além da Matra conta com representantes da Ong Origem, do Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, do Conselho de Habitação e Política Urbana, da ACIM, de associações de moradores, da Maçonaria e do CODEM, não foi nem chamado para conversar sobre o assunto.
Mas a Matra não desistiu, pelo contrário. Inúmeras foram as formas de cobrança da aplicação as propostas até agora, o que inclui diversos artigos publicados em jornal e no site da OSCIP, requerimentos e ofícios.
No final do mês passado chegamos a acreditar que os rumos estavam mudando, com a notícia do encaminhamento pela Prefeitura da documentação ambiental para a qualificação e certificação da cidade no Programa Município Verde/Azul, do Governo do Estado de São Paulo. O apoio integral ao Programa ambiental foi uma das oito propostas apresentadas como resultado da PLENÁRIA DO LIXO, mas, infelizmente, corremos o sério risco da classificação de Marília não avançar. E fazemos essa afirmação com base em dados concretos. É aqui que voltamos a falar de coleta seletiva.
Em mais uma tentativa de contribuir com a implantação do serviço, que representaria inúmeros benefícios para Marília, tanto ambiental, como social e econômico, a Matra encaminhou um requerimento, em fevereiro deste ano, solicitando informações sobre a previsão da implantação da coleta seletiva na cidade. Na resposta, o Chefe da Divisão do Meio Ambiente do Município informou que o início da coleta seletiva se daria quando da conclusão e entrega dos Ecopontos, “que se encontram em fase final de construção, onde desta forma teremos locais apropriados que serão utilizados como Pontos de Entregas Voluntárias”. Ele informou ainda “que as Cooperativas de Marília cadastradas participarão destes trabalhos promovendo assim a inclusão social e geração de renda para estes trabalhadores”.
Ora, Ecopontos e coleta seletiva podem ser ações complementares, mas não são sinônimos. E antes de aprofundarmos nesta discussão vem o dado mais grave: No dia 23 de julho de 2020 – depois de ter encaminhado a resposta acima- a Prefeitura publicou no Diário Oficial do Município a rescisão dos contratos para a construção de dois Ecopontos. Ou seja, dos quatro que funcionariam na cidade, só dois permanecem e apenas um – o que está sendo construído no bairro Nova Marília – está de fato, em fase final de construção. O outro nem começou a ser construído, como apurou a Matra (fotos abaixo).
É claro que a situação que se encontra a destinação dos resíduos produzidos em Marília não é fruto apenas das ações implantadas (ou deixadas de implantar) pela atual gestão, mas isso não diminui a responsabilidade dos atuais administradores do Município. Afinal, estamos chegando ao final de quatro anos de mandato e nenhum projeto inovador ou pelo menos motivador na área foi apresentado até agora. Pior, estão desperdiçando a oportunidade de contar com a ajuda de pessoas qualificadas e dispostas a mudar essa realidade, deixando no fundo de uma gaveta as sugestões encaminhadas pela organização da PLENÁRIA DO LIXO.
Enquanto isso, cidades menores como Garça e Pompéia, avançam e se tornam exemplos neste setor em especial. Esta semana a conquista do selo “Verde Azul” pelo município de Garça foi amplamente noticiada na imprensa. E o modelo bem sucedido de coleta seletiva implantado em Pompéia também já foi várias vezes enaltecido, inclusive pela Matra.
O que não dá para acreditar é que com a implantação de um ou dois Ecopontos (que fossem dez) o problema estaria resolvido. É preciso um trabalho sério, organizado, bem planejado e que atenda integralmente toda a população. Será que podemos esperar que todas as pessoas tenham condições de separar o material reciclável em suas casas e depois levar até os Ecopontos? Mesmo que isso fosse possível, esses locais comportariam o volume do material recebido diariamente? E as Cooperativas, elas recebem ou tem condições de receber todos os tipos de materiais recicláveis? Alguém já tentou colocar garrafas de vidro, por exemplo, na frente de casa para ver se os catadores de materiais recicláveis recolhem? Quando os gestores vão se debruçar sobre o problema em busca de uma solução que seja de fato sustentável?
Por mais que a sensação seja a de estar enxugando gelo, a Matra não vai desistir e você também não deve desanimar. Afinal, Marília tem dono: VOCÊ!

Veja abaixo a reposta que foi encaminhada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Limpeza Pública para a Matra e a publicação da rescisão de dois contratos para a construção de Ecopontos:

Veja agora as fotos tiradas no Ecoponto que está sendo construído na Rua Joaquim Dias, no bairro Nova Marília (fotos tiradas em 06/08/2020):

E agora as fotos do terreno, localizado no cruzamento da Rua Henani Frangipani com a Rua Aristides Manson, no bairro Prof. José Augusto da Silva Ribeiro, como consta no TERMO DE HOMOLOGAÇÃO DA LICITAÇÃO para a construção de um ecoponto. Fotos também tiradas em 06/08/2020:

Fotos: Matra