Diretores da Famema pedem socorro ao Estado para cumprir pagamentos

Os diretores da Faculdade de Medicina de Marília (Famema) pediram verbas para o Estado para poderem cumprir os repasses prometidos para janeiro e também para reposição salarial dos funcionários. A equipe da TV TEM recebeu um documento que atesta o pedido de verba da direção da Famema para o Estado. No documento, enviado ao secretário de Estado da Saúde David Uip, a direção da Famema chega a usar a palavra “implorar” para pedir pelos repasses.

A crise financeira do complexo, que envolve o Hospital das Clínicas, piora a cada dia e tem afetado milhares de pessoas em toda a região de Marília (SP). Devido à gravidade da situação, muitos pacientes têm sido dispensados por falta de material básico, desde os remédios mais simples até materiais de limpeza.

Na semana passada, o produtor da TV TEM gravou com uma câmera escondida quando um médico manda pacientes embora por falta de materiais para realizar os procedimentos.

O complexo do Hospital das Clínicas, formado por cinco unidades hospitalares, é referência para 62 cidades da região, e necessita da liberação dos recursos para poder continuar ativo.

O dossiê de 30 páginas, que detalha a crise do hospital, foi feito pela direção do HC e enviado para várias autoridades, entre elas o secretário estadual da saúde e o vice-governador do Estado. São R$ 3,6 milhões que deveriam ter sido repassados em janeiro, além de R$ 8, 5 milhões do reajuste salarial dos funcionários, que também não chegaram ao HC.

“Estamos morrendo. Está insustentável a situação. A gente tem que aceitar todos os pacientes que chegam e chega um paciente idoso com fratura de colo de fêmur e eu não tenho a placa e o parafuso para reparar esta fratura. É uma situação muito difícil”,  lamenta o diretor geral da Famema Paulo Roberto Michelone.

Médico dispensou pacientes (Foto: Reprodução / TV TEM)
Médico dispensou pacientes (Foto: Reprodução / TV TEM)

De acordo com o documento, por causa da falta de dinheiro, o hospital cancelou cirurgias, reduziu os atendimentos de urgência e emergência, bloqueou 20 leitos, entre eles da UTI pediátrica e UTI neo natal, diminuiu para meio período a coleta de sangue no hemocentro, reduziu pela metade o agendamento de consultas e suspendeu exames.

O estoque de materiais não tem desinfetante, detergente, sabonete, faltam sacos de lixo, canetas, lâmpadas e muitos outros itens básicos. Na farmácia não há mais remédios, nem dos mais caros e nem dos mais baratos. “A gente não tem seringas, não temos agulhas, falta medicamento do mais básico ao mais complexo. Não temos paracetamol, não temos um antibiótico que é bem potente, que é a polimixina. O atendimento ao paciente em questão de estoque está totalmente prejudicado”, informou a coordenadora das farmácias do HC, Elisabete Vernaque.

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que, em conjunto com o município de Marília, está avaliando a produção do Hospital das Clínicas da Famema a fim de definir eventuais adequações no contrato do convênio. Em nota, disse ainda que, somente em 2014, foram repassados mais de R$ 68 milhões para custeio e investimento à Fundação de Apoio à Faculdade de Medicina. Neste ano, até o momento, foram repassados mais de R$14 mi, sendo que o último pagamento ocorreu neste mês de maio.

“Fizemos várias reuniões. Fizemos uma reunião neste domingo com o secretário da saúde e eu pedi que pelo menos fosse liberado R$ 3,6 milhões, mas ele disse que não tem nem R$ 1. Então fica difícil. A tentativa é de não morrer”, afirma Paulo Roberto Michelone.

Fonte: G1