Na tarde de ontem, após sete anos como prefeito de Marília, Mário Bulgareli renunciou ao cargo. A carta com o pedido de renúncia foi protocolada na Câmara Municipal às 15h54 e não explicou os motivos que levaram o chefe do Executivo a desistir de seu mandato.
Assista ao vídeo do momento em que a carta de renúncia foi lida na Sessão da Câmara
A motivação da renúncia de Bulgareli só foi conhecida horas mais tarde, quando a assessoria de comunicação da Prefeitura divulgou uma nota assinada pelo ex-prefeito alegando que sua saída se devia a recomendações médicas.
Leia o comunicado da Prefeitura
Entretanto, era evidente o desgaste político que Bulgareli vinha enfrentando devido aos inúmeros casos de corrupção que envolviam seu governo.
O ex-chefe do executivo vinha sendo investigado por seu suposto envolvimento no esquema de recebimento de propina da SP Alimentação para a manutenção de contrato de fornecimento de merenda escolar na rede municipal de ensino.
Além disso, seu ex-chefe de Gabinete e secretário da Fazenda, Nelson Granciéri, chegou a ser preso pela Polícia Federal após denúncia de cobrança de propina de fornecedores da Prefeitura.
Há suspeitas, ainda, de que o esquema envolvia o pagamento de “mensalinho” a aliados políticos de sua administração.
De acordo com apurações do Ministério Público, o esquema movimentava cerca de R$ 500 mil por mês.
Repercussão
Ao chegar à Câmara, o presidente da Casa, Yoshio Takaoka, afirmou que a renúncia de Bulgareli não foi nenhuma surpresa e que desde quinta-feira já ouvia comentários sobre a saída do chefe do Executivo.
Yoshio lamentou o fato e disse que uma renúncia desgasta e atrapalha o desenvolvimento do município.
Sobre o pedido de abertura de Comissão Processante contra Bulgareli para apurar o pagamento de “mensalinho” que seria apreciado na Sessão da Câmara de ontem, o presidente da Casa foi categórico ao afirmar: “seria aprovado por 13 votos”.
Após a declaração da extinção do mandato de Bulgareli feita pelo presidente da Câmara, os vereadores, um a um, comentaram o assunto.
Sydney Gobetti disse acreditar que a renúncia era necessária, pois, para ele, Bulgareli tinha perdido a autoridade política.
Para Nascimento, Bulgareli não tinha mais condições morais de estar a frente do município devido aos inúmeros escândalos de corrupção que assolam seu governo.
O vereador Herval Rosa Seabra lamentou o fato e afirmou ser um momento constrangedor e difícil para a cidade.
Líder do ex-prefeito na Câmara, Donizeti Alves tentou destacar os pontos positivos da administração Bulgareli.
Já o vereador Wilson Damasceno lamentou que renúncia de Bulgareli tenha demorado tanto.
“Eu torci por essa renúncia”, afirmou o vereador.
Segundo ele, a Câmara teve duas oportunidades de afastar o prefeito e não o fez: em 2009, quando houve o pedido de abertura de uma Comissão Processante para apurar as denúncias de desvio de verbas do tratamento de esgoto; e em 2011, quando a CPI da Merenda comprovou a existência de um esquema de corrupção envolvendo Bulgareli e o ex-prefeito da cidade, Abelardo Camarinha.
“Bulgareli renunciou um cargo que nunca assumiu”, continuou Damasceno. “Ele entregou a caneta nas mãos de Nelson Granciéri e agora sai porque houve um desgaste muito grande devido à descoberta do ‘mensalinho’”, comentou.
Opinião
Para a MATRA, a renúncia de Bulgareli é uma vitória do controle social.
A organização acredita que devido ao seu trabalho e de todas as entidades do movimento social de Marília, que deram transparência aos atos públicos e denunciaram diversas suspeitas de casos de corrupção, a população começou a enxergar os desmandos que vinham ocorrendo na Administração Pública.
Tantos escândalos acabaram desgastando a imagem de Bulgareli, que a cada dia perdia mais e mais apoio popular e político.
A MATRA afirma que continuará realizando seu trabalho de fiscalização e cobrando para que o dinheiro público seja sempre aplicado em prol da melhoria da qualidade de vida de toda a população.