A Polícia Civil do Paraná prendeu oito pessoas acusadas de participar de um esquema de venda de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) em Guaíra, na fronteira com o Paraguai. Desencadeada na manhã desta quarta-feira, a Operação Pague e Passe apreendeu uma espingarda calibre 12 e um revólver calibre 38, além de munições de fuzil calibre 556 e de 38.
Entre os presos está o vereador de Guaíra Getúlio Benites Centurião (PMDB), que foi chefe da 36ª Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Guaíra por oito anos. Além dele, foram presos o filho de Getúlio, Luís Fernando Centurião, e a nora do vereador, Fabiana Argondizo Centurião, que são servidores da 36ª Ciretran; Marcos Rigolon, atual chefe do setor; os despachantes Lino José Pez e Dari Alfredo Heep; Silvio Meirelles, instrutor do Centro de Formação de Condutores (CFC) Paulinho; e Daniel de Mello, diretor de ensino do CFC. Paulo de Mello, proprietário do CFC Paulinho, e Vanessa Ramira Neves, funcionária do mesmo CFC, estão foragidos.
De acordo com a Polícia Civil, a espingarda e munições estavam com o atual chefe da Ciretran, enquanto o revólver foi apreendido com o diretor de ensino do CFC. O delegado Getúlio Vargas, responsável pela investigação, diz já foram identificadas CNHs irregulares. “Está sendo estudada a possibilidade de cancelar cerca de 600 habilitações com supostas irregularidades”, disse.
Durante a investigação, foi apurado que no período de 2003 a 2013, cerca de 600 pessoas que obtiveram CNH em Guaíra declararam o mesmo endereço e endereço de autoescolas. “Há suspeitas de que digitais de silicone eram usadas para dar presença às pessoas na autoescola, mesmo elas morando fora da cidade e não comparecendo às aulas”, disse o delegado.
Vargas contou que também foram apreendidos documentos, moldes de silicone com digitais e dinheiro (cerca de R$ 19 mil no CFC Paulinho e cerca de R$ 14 mil no CFC Continental). Os servidores envolvidos foram afastados da 36ª Ciretran, e os CFCs e despachantes tiveram seus credenciamentos suspensos pelo Detran-PR.