Um protesto marcou a sessão da Câmara de Marília, na noite de segunda-feira (28). Moradores pediram mais empenho dos vereadores em relação à saúde, a cobrança da taxa de custeio de iluminação pública e, principalmente, ao arquivamento do processo de investigação do caso dos moradores de rua agredidos aberto pela prefeitura no ano passado. De olhos vendados e boca amordaçada, duas pessoas tentaram chamar a atenção dos parlamentares durante a sessão.
A manifestação lembrou que nesta terça-feira (29) faz um ano que uma operação da Secretaria de Assistência Social de Marília teria retirado à força mais de 15 moradores de rua da cidade. Segundo a investigação, os moradores de rua foram levados para Ibitinga e, de acordo com o depoimento de um deles, teriam sido agredidos durante a viagem. A denúncia também foi apresentada pelo Ministério Público contra o secretário da pasta, Hélio Benetti e outras três pessoas.
O juiz José Roberto Nogueira Nascimento, da 2ª Vara Criminal de Marília, aceitou a denúncia do Ministério Público. Os quatro, suspostamente envolvidos, respondem por tortura e coação no curso do processo, já que teriam ameaçado os moradores depois da operação. Mas, os manifestantes cobram punição rápida para os denunciados.
“A gente quer mostrar a falta de visão que os vereadores têm em relação ao processo que aconteceu com os andarilhos. Fizeram uma sindicância e arquivaram apesar de tudo que está nela. Não sei como não conseguiram enxergar a presença do secretário do Bem-Estar Social no processo junto com as pessoas que agrediram os moradores de rua, os funcionários também que não foram afastados até agora. Desse processo da prefeitura ninguém enxergou nada”, informou o coordenador da “Marcha da Cidadania”, Antônio Vieira.

Mais cobranças
O setor da saúde municipal também foi motivo de cobrança dos manifestantes durante a sessão. Com cartazes pendurados no andar superior do plenário, moradores da zona sul chamaram a atenção para a falta de serviços essenciais.
“Falta médico, falta remédio, falta quem atende, falta um posto de saúde limpo, falta tudo na cidade. Saúde não tem nada”, contou a aposentada Eunice Muller.
A sessão teve ainda quatro projetos aprovados, entre eles, o que autoriza a prefeitura a abrir um crédito especial no orçamento vigente de R$ 1,4 milhão para implantação de câmeras de monitoramento na cidade. O recurso foi destinado pelo governo do estado e, segundo a Secretaria de Administração, até o fim deste ano, 12 câmeras serão colocadas em vários pontos, que serão monitoradas por uma central.
Uma sessão extraordinária também foi aberta para votar outros cinco projetos e, quatro foram aprovados. Entre eles, o que concede reajuste de vencimento de 5,62% aos servidores públicos municipais. Segundo o vereador Wilson Damasceno, o Executivo ainda não respondeu o pedido para prorrogar a cobrança. O valor pode chegar a 300% nas contas dos consumidores. “Enderecei ao prefeito um pedido para que fosse prorrogada essa cobrança. Até porque o município não vai necessitar desse encargo, desse valor, porque não vai ser ele quem vai promover a iluminação pública na cidade, a não ser troca de luz”, afirmou o vereador, Wilson Damasceno.
Respostas
A prefeitura enviou uma nota em relação à reclamação da população por melhorias na saúde. Ela informa que há um déficit de 42 médicos e que um edital está sendo preparado para selecionar mais 20 profissionais.
Sobra a taxa de iluminação pública, a prefeitura disse que o reajuste foi aprovado pela Câmara no final do ano passado e, pela lei, entraria em vigor após um período de 90 dias. Ou seja, neste mês.
Já em relação à sindicância para apurar o caso dos moradores de rua supostamente agredidos, a prefeitura se defende dizendo que não foi comprovada a participação de nenhum servidor público municipal no fato.