QUANTO CUSTA SEU VOTO?

(por Jacy de Souza Mendonça)

** É provável que você tenha sido induzido por esse título a entender mal o objetivo de minha reflexão. Pensar, por exemplo, que eu esteja pretendendo comprar seu voto. Confira.

O custo orçamentário total da Câmara dos Deputados, durante o ano de 2018, está previsto como sendo de R$ 5 bilhões. Sendo 513 o número de Deputados, essa importância corresponde a um custo anual de R$ 1 milhão per capita, ou, para facilitar a reflexão, ao custo mensal de R$ 90 mil por Deputado Federal.

Todos esses números tiveram um pequeno arredondamento, em favor da inteligibilidade.

O mesmo levantamento, sob os mesmos critérios, pode ser feito para o Senado Federal. Seu custo anual total, em conformidade com o orçamento, é de R$ 4 bilhões. Como são 81 os Senadores, esse valor corresponde a R$ 50 milhões por ano por Senador, ou R$ 4,2 milhões por mês para cada um deles.

Certamente não é isso o que eles ganham (o subsídio de um Deputado Federal não é de R$ 90 mil, nem o de um Senador de R$ 4.2 milhões por mês), mas é isso o que eles custam à nação.

Também não cabe aqui considerar que cada um deles, ou grande parte deles, além de seus subsídios legais, ainda ganha alguma coisa por fora, de forma mais ou menos lícita. Não é assunto a criticar aqui e agora.

No momento em que se aproxima novo período eleitoral, pense que seu voto está autorizando essa despesa ao nosso combalido erário e, ao liberá-la, considere muitas vezes se o candidato, por seu histórico, por seu interesse público, por sua formação, de fato justifica a despesa. É impossível evitá-la, mas você tem o poder de fazer o melhor uso possível dela, em benefício de toda a comunidade.

Está claro também que sua escolha de um candidato é limitada pelo cardápio que lhe apresentam: você não pode eleger quem gostaria que fosse ungido, pois só pode votar em um nome dentre aqueles que os Partidos Políticos lhe propõem; mas faça o melhor que puder. Jamais opte por quem já foi condenado ou está sendo processado, principalmente por irregularidades no cumprimento de mandato anterior ou mesmo que registra em sua biografia práticas ilícitas. Isso é o mínimo que se pode esperar de um eleitor consciente que vise ao bem da comunidade brasileira. Precisamos escolher quem se preocupe com todos os brasileiros e não exclusivamente com o seu bolso.

A oportunidade é agora. Não adianta reclamar depois.

*Jacy de Souza Mendonça, Possui graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1954) e doutorado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1968). Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Fonte: Amarribo Brasil