Dados obtidos pela reportagem do Jornal Cidade com a Secretaria Municipal da Saúde de Marília apontam que aproximadamente 2.200 pacientes atualmente aguardam cirurgias eletivas na cidade. Cirurgias eletivas são aquelas que podem ser agendadas e não possuem caráter emergencial. As principais especialidades por volume de demanda são oftalmologia, ortopedia e grupo de cirurgias que englobam a colecistectomia – a retirada da vesícula – hérnia, fimose e também varizes. Conforme informações da pasta municipal, o principal motivo que impede a realização destas cirurgias é o limite do teto financeiro do SUS, o Sistema Único de Saúde, para a cidade de Marília. “A Secretaria Municipal da Saúde já iniciou esforços de intensificação de procedimentos, ou seja, ampliação do volume de cirurgias realizadas”, avisou o Município. Um destes esforços envolverá a oftalmologia, que lidera a lista da fila de cirurgias eletivas. “No caso das cirurgias de catarata, por exemplo, até dezembro deste ano está previsto fim da fila que em julho chegou a 600 pacientes”, informou. O Município teria contratado 200 procedimentos adicionais, por mês, junto aos prestadores de serviços da rede municipal de saúde, incluindo os hospitais Santa Casa de Misericórdia de Marília e Hospital da Unimar, o HBU. Para zerar a fila da catarata, o Município contará com recursos federais liberados através do Programa de Intensificação do Ministério da Saúde e verbas do orçamento municipal.
O neto da salgadeira Antônia Franco, que tem 15 anos de idade, desde a infância faz tratamento na clínica de olhos do Hospital das Clínicas, em Marília. O atendimento ocorre periodicamente no antigo Hospital São Francisco, localizado na zona Sul de Marília. “Hoje o meu neto está de alta dos óculos, mas ainda estamos aguardando para saber se será preciso ou não realizar a cirurgia para correções”, informou. O acompanhamento oftalmológico acontece desde que o neto de Antônia tinha 10 anos. A segunda especialidade na lista de espera em Marília é a ortopedia, conforme informou a Secretaria Municipal de Saúde. A dona de casa Santina de Souza ainda aguarda a realização pelo SUS do procedimento para a recuperação da cabeça do fêmur. “Sofria muitas dores, tinha muita dificuldade de caminhar, de fazer os serviços de casa e não pude ficar esperando a cirurgia pelo SUS”, contou. Dona Santina aguardou mais de três anos e, não suportando mais de tanta dor, procurou novamente o ortopedista. “O médico olhou meus exames, inclusive do ano anterior, e disse claramente para mim: ‘Dona Santina, se a senhora não operar, de três a seis meses a senhora ficará cadeirante’. Fiquei desesperada”, revelou. A alternativa encontrada, após conversar com a família, foi recorrer a um empréstimo bancário. A paciente não re velou o valor que emprestou, mas destacou que se não fosse isso poderia estar hoje numa cadeira de rodas. Mesmo com a alta, dona Santina continua na fila do SUS para a cirurgia de ortopedia, pois o outro fêmur já vinha apresentando complicações. “Se um dia eu vier a ser chamada para fazer a cirurgia irei solicitar que seja realizada na outra perna. Mas, não sei se isso irá acontecer”, desabafou. A equipe do Jornal Cidade entrou em contato com a Secretaria Estadual da Saúde, apresentando uma série de questionamentos e pedindo informações sobre as cirurgias eletivas, contudo, não obteve resposta.
Fonte: Jornal Cidade