SUSPEITA DE SUPERFATURAMENTO EM PEÇAS PARA A MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS DA SAÚDE RESULTA EM REPRESENTAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO

Artigo de domingo

Quando precisamos contratar um serviço ou comprar um produto, geralmente fazemos uma pesquisa de preço para saber onde comprar o melhor, pagando menos, certo? Pelo menos com o nosso dinheiro costuma ser assim. Diante disso, você acharia normal pagar o dobro ou o triplo do preço pelo mesmo produto? Ou seja, comprar um e pagar por dois, três ou até mais? É claro que não. Mas foi justamente o que o COMUS (Conselho Municipal da Saúde), que é presidido por um integrante da MATRA, identificou na prestação de contas da Secretaria Municipal da Saúde.

As suspeitas de irregularidades foram encontradas nos pagamentos feitos à empresa “Prime Consultoria e Assessoria Empresarial” (contratada pela Prefeitura para gerenciar a manutenção da frota de veículos da Secretaria Municipal da Saúde), com compras de peças efetuadas de diversos fornecedores entre os meses de abril e novembro desse ano.

Conforme apurou o COMUS, pelo menos quarenta peças constantes nas prestações de contas da empresa terceirizada, estão com valores muito acima dos de mercado. Para se ter uma ideia a Prefeitura pagou R$ 1.900,00 por um coletor de escapamento de uma Perua Kombi em 31/05/2021, sendo que em uma pesquisa feita pelo COMUS na internet, a mesma peça foi encontrada por valores entre R$ 210,00 e R$ 403,00 – ou seja, nós cidadãos marilienses pagamos 371% mais caro (quase quatro vezes a mais), se levarmos em conta o valor mais caro encontrado no mercado, porque se compararmos com o valor mais baixo a diferença chega a 805%, ou seja, comprou um e pagou por oito. O mesmo ocorreu na compra de um kit de embreagem para uma van Renault Master, em setembro, que custou R$ 2.200,00 aos cofres públicos e no mercado pode ser encontrado entre R$ 900,00 e R$ 950,00 (132% mais caro). No mesmo sentido perguntamos: você pagaria R$ 120,00 em uma lanterna de teto para uma Doblo, sendo que no mercado o mesmo produto custa entre R$ 32 e R$ 45? Pois a Prefeitura pagou! Assim como também pagou R$ 416,00 em um kit de embreagem de um Pálio, quando a pesquisa feita pelo COMUS na internet revelou que o produto poderia ter sido comprado por R$169,00 no fornecedor com o preço mais baixo encontrado.

Mesmo que os valores pesquisados na internet tenham por base o valor à vista e a Prefeitura tenha feito o pagamento a prazo, nada justifica uma diferença tão grande nos preços. Agora imagine o tamanho do prejuízo se levarmos em conta a quantidade de peças e serviços contratados dessa maneira?

É de arrepiar o que fazem com o dinheiro público! Dinheiro que deveria ser revertido em benefícios para a sociedade e que certamente faz falta em outros setores quando desperdiçado dessa maneira. A tabela completa com os valores apurados pelo Conselho Municipal e entregue ao MP pode ser consultada abaixo.

Diante das suspeitas de irregularidades o Conselho Municipal primeiro encaminhou ofícios tanto para a Secretaria Municipal da Saúde, como para a empresa contratada para gerenciar os serviços, mas como não obteve os esclarecimentos necessários, encaminhou o apurado ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado.

A MATRA vai acompanhar o andamento das investigações e os possíveis esclarecimentos, lembrando aos senhores vereadores, que tem o dever de fiscalizar a aplicação dos recursos públicos no âmbito Municipal, que a mesma empresa tem contratos com várias Secretarias Municipais para a manutenção dos veículos da frota municipal e abastecimento de combustíveis. É preciso fazer uma investigação mais ampla! E mais, de que vale a sociedade civil organizada, como bem fizeram os membros do COMUS, identificar as suspeitas de mau uso do dinheiro público, por vezes o TCE confirmar as irregularidades, se quando chega à Câmara Municipal o parecer técnico dos auditores do Tribunal costuma ser ignorado e as contas da Prefeitura são APROVADAS? Como, aliás, ocorreu recentemente no Plenário do Legislativo com referência a atual e a gestões anteriores.

VEREADORES! Ao invés de ficarem aprovando pacotes de maldades, que oneram ainda mais os bolsos dos contribuintes – como acabou de ocorrer com os projetos do aumento de subsídios; do aumento do número assessores e de vereadores na Câmara Municipal (de 13 para 17 – a ser votado em segundo turno, no próximo dia 29) – mudem de postura e justifiquem, com atitudes positivas, a confiança que os eleitores depositaram nos senhores. Afinal, o dever de fiscalizar a aplicação do dinheiro público é uma das mais nobres tarefas da Câmara. Mas isto não vem sendo feito com a necessária eficiência. Pelo contrário! O que se vê são pedaladas no Regimento Interno para ofuscar a transparência do Processo Legislativo no momento de aprovar Projetos que gozam da antipatia popular, como acaba de acontecer.

Com 11, 13, 17 ou 21 vereadores, o que muda é a despesa e a necessidade de menos votos para se reelegerem. Mas a qualidade da representação popular, permanece a mesma. A maioria dos vereadores deixou isso muito claro ao ignorar vontade popular nas últimas votações. Fique atento, cidadão, porque Marília tem dono: VOCÊ!

Baixe o documento para ver a tabela com as diferenças de preços identificadas pelo COMUS: