Representantes de 14 (quatorze) entidades da sociedade civil organizada de Marília, realizaram, nos dias 24 e 25 de janeiro, a Conferência Municipal do Meio Ambiente.
O evento, que teve como tema “Emergência climática, o desafio da transformação ecológica”, foi preparatório para as Conferências Estadual e Nacional do Meio Ambiente, que serão realizadas ao longo do ano.
Foi a primeira vez que Marília realizou a conferência e o evento só aconteceu porque a sociedade civil organizada tomou a frente do projeto, deixado de lado pela administração municipal (Poder Público), na gestão anterior.
“O Ministério do Meio Ambiente chamou a conferência em junho do ano passado e o Poder Público teve até o dia 14 de novembro para fazer o chamamento. Como a Prefeitura de Marília não quis fazer, nós da sociedade civil organizada tivemos do dia 15 de dezembro ao dia 10 de janeiro para organizar o evento e protocolar no Ministério. E pelo curto espaço de tempo que tivemos, sem nenhum recurso do Poder Público, ou seja, rateando os custos entre os voluntários, foi uma grande conquista para Marília”, afirmou Luci Milreu, membro da Ong Origem e Presidente da Conferência Municipal.
Aproximadamente oitenta pessoas participaram. Elas foram divididas em 05 grupos (eixos temáticos), e elaboraram 10 propostas em cada segmento, elegendo 02 de cada eixo que serão apresentadas na Conferencia Estadual. Confira no final do texto algumas fotos do evento e a relação das propostas aprovadas.
“Achei muito relevante a MATRA, enquanto organismo de controle social, poder participar de algo tão importante para a cidade, como tratar do meio ambiente. Foi uma ação de cidadania também e o meio ambiente é uma das áreas mais negligenciada em Marília”, disse Denilson Evangelista, integrante da MATRA. “Esperamos que as propostas elaboradas pela sociedade civil organizada sejam efetivamente colocadas em prática, em nível estadual e nacional também. Mas nós sabemos que temos que fazer algo aqui na cidade. Até mesmo porque há programas, há recursos disponíveis e simplesmente, falta vontade política aqui em Marília”, concluiu o integrante da MATRA.
“Percebi que mesmo que o assunto em questão (emergência climática) pareça ser distante da nossa realidade ou geração, é errado pensar assim. O Tema é urgente e tem várias variáveis que fazem parte do contexto em que podemos nos envolver para melhorar, como com a coleta seletiva, o reaproveitamento do lixo e o cuidado com nascentes”, disse Sérgio Vieira, empresário e membro da MATRA.
“Foi uma grande mobilização com todas as entidades e é um momento de grande relevância para toda a sociedade mariliense e da região. Infelizmente o Poder Público não fez a convocação da conferência na gestão anterior, mesmo sabendo de todo o cronograma que teremos pela frente e, por isso, foi necessário a sociedade mais uma vez se organizar. Marília não tem nem conselho municipal de meio ambiente ativo. Então, a Conferência Municipal é um marco ambiental para a cidade, acolhendo todas as demandas para ser um referencial na busca por soluções que protejam o meio ambiente”, ressaltou Vanilda Gonçalves de Lima, Presidente do SINDIMAR e Secretária da Conferência.
“É importante pra gente entender que quando temos um propósito, e focamos, nós conseguimos realizar. É importante que a gente saia depois dessa conferência com o espírito de luta, que tudo aquilo que foi discutido aqui tem que ser colocado em prática pelo Poder Público, porque todas as propostas que surgiram desses dois dias de debates servirão de subsídios para a elaboração do Plano Municipal de Meio Ambiente, que Marília ainda não tem”, conclui Luci Milreu, Presidente da Conferência Municipal.
Fique atento às publicações no site da MATRA para acompanhar o andamento deste trabalho. E participe! Porque Marília tem dono: VOCÊ!
1ª CONFERÊNCIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE DE MARÍLIA
Relação das Propostas Prioritárias – Eixos Temáticos
Eixo I: Mitigação
- Criação e melhorias de espaços seguros de mobilidade urbana sustentável (ciclistas, pedestres, cadeirantes) e para transporte coletivo;
- Incentivo à implementação da coleta seletiva com ênfase na criação de cooperativas de reciclagem.
Eixo II: Adaptação e Preparação para Desastres
- Construir um programa de enfrentamento municipal de incêndios florestais integrado aos sistemas de monitoramento estadual e federal que contemplem equipamentos adequados e capacitação de brigadistas;
- Construção de uma política de coleta seletiva, reciclagem e compostagem dos resíduos sólidos visando 100% de eficiência.
Eixo III: Justiça Climática
- Organizar e fortalecer os grupos e comunidades periféricas em situação de vulnerabilidade social e áreas de risco ambiental e prever dentro da dotação orçamentária recursos para o incentivo tanto ao desfavelamento e a restauração das matas ciliares e manutenção dos recursos hídricos;
- Implementar políticas públicas que garantam oportunizar geração de renda e formação das populações mais vulneráveis por meio de cooperativas, associações, economia criativa e afins.
Eixo IV- Transformação Ecológica e Descarbonização da Economia:
- Geração de renda para catadores locais: fomento da criação de cooperativas de catadores de lixo para fortalecer a economia local, a limpeza da cidade, bem como, a transformação ecológica;
- Fortalecimento da agricultura familiar e agroecologia- incentivos e subsídios para agricultura familiar e contrato de concessão de áreas ociosas e terrenos públicos.
Eixo V- Governança e Educação Ambiental:
- Criação de um programa regional integrado de reaproveitamento de resíduos e Educação Ambiental;
- Criação do Conselho Municipal do Meio Ambiente, do Conselho de Saneamento Básico e da Secretaria de Meio Ambiente Autônomos.
Veja a galeria de fotos:
*Fotos: MATRA
**Imagens meramente ilustrativas.