Entre aspas – a semana política em frases – 23 a 28/09

Idaílson José Vilas Boas, assessor da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi exonerado ontem das funções que exerce no Palácio do Planalto. Ele é acusado pela Polícia Federal de envolvimento no esquema que desviava recursos de fundos de pensão municipais. (Coluna de Luiz Carlos Azedo – Correio Braziliense – 21/09)

  Olavo Noleto, subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, acaba de colocar o Planalto em novo constrangimento. Idaílson Macedo, demitido por suposto envolvimento com grupo acusado pela PF de má gestão de recursos, era ligado a ele. Noleto quase foi demitido por relação mal explicada com Carlos Cachoeira. (Coluna de Ilimar Franco – O Globo – 22/09)

  Os mensaleiros não são os únicos réus que lutam para postergar o cumprimento de suas penas e, mesmo condenados, não irem para a cadeia, A cúpula do Banco Nacional, que em 1994 sofreu intervenção do Banco Central, teve êxito até agora. O processo começou em 1997 e, em 2002, foram condenados. Três deles pegaram mais de dez anos de cadeia e continuam livres, leves e soltos. (Coluna de Ilimar Franco – O Globo – 22/09)

 Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) vai propor aos líderes da Câmara na terça-feira que seja incluída na pauta de votações a PEC da Bengala, que amplia de 70 para 75 anos a aposentadoria compulsória de magistrados. No ano passado, os ministros Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto deixaram o Supremo Tribunal Federal ao completarem 70 anos. (Coluna Painel – Vera Magalhães – Folha de São Paulo – 22/09)

 A Secretaria de Relações Institucionais da Presidência vai fazer um pente-fino em todas as ações de Idaílson Vilas Boas, ex-assessor de Ideli Salvatti exonerado após acusação de participar de uma quadrilha desbaratada pela Polícia Federal. (Coluna Painel, de Vera Magalhães – Folha de São Paulo – 23/09)

 Ainda não saiu do papel a CPI para apurar fraude no pagamento de precatórios do Tribunal Regional do Trabalho, em Rondônia. O objetivo é investigar esquema que pode ter provocado rombo de R$ 5 bilhões. (Coluna de Claudio Humberto – 24/09)

 A minirreforma eleitoral precisa ser votada e sancionada até 4 de outubro para valer na disputa do ano que vem. Entre as principais mudanças, está a proibição de que os partidos troquem seus candidatos na véspera da eleição. Foi o que aconteceu, por exemplo, na última eleição do Distrito Federal, quando a candidatura do ex-governador Joaquim Roriz foi impugnada e ele inscreveu a mulher, dona Weslian, em seu lugar.

O texto da minirreforma também proíbe que o presidente da República candidato à reeleição faça pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão para se promover ou atacar candidatos da oposição. Estipula multa, além da prisão, para quem fizer campanha no dia da eleição. Propaganda em faixas, muros e placas e a “envelopagem” de carros são proibidos. Ficam permitidos adesivos de até 50cm no vidro traseiro e a emissão de opinião pessoal em redes sociais. Também é imposto um limite à contratação de cabos eleitorais. (Coluna de Luiz Carlos Azedo – Correio Braziliense – 25/09)

 Somente dez meses depois, a Controladoria-Geral da União (CGU) demitiu Rosemary Noronha, a amiga íntima de Lula acusada de tráfico de influência e outros malfeitos. A CGU só chega após a porta arrombada, em vez de controlar para que não roubem. (Coluna de Claudio Humberto – 25/09)

 No luxuoso hotel St. Regis, de Nova York, onde Dilma ficou por R$ 25 mil a diária, Marlene Dietrich e Salvador Dalí passavam temporadas. Marilyn Monroe, John Lennon e Yoko Ono foram hóspedes famosos. Mas pagaram as despesas milionárias com o próprio bolso. (Coluna de Claudio Humberto – 26/09)

 O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), sai em defesa do julgamento do mensalão. “Há provas cabais contra José Dirceu”, diz ele, respondendo a Ives Gandra Martins. Em entrevista à Folha, o jurista afirmou que o petista foi condenado com base em indícios e presunções. Amigo e coautor de livros com Gandra Martins, o magistrado diz: “Tenho respeito e afeto pelo Ives, mas suas declarações foram impróprias”.

Mendes cita, entre “inúmeras” provas, depoimentos de testemunhas que dizem que todas as negociações do governo com partidos precisavam ser referendadas por Dirceu. E também as negociações com o Banco Rural, no centro do escândalo. Em tom de brincadeira, afirma: “Ainda bem que o Ives teve o bom senso de não propor a canonização do José Dirceu”. (Coluna de Mônica Bergamo – Folha de São Paulo – 27/09)

 O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que vai cumprir o que determina a lei para a devolução do excedente salarial recebido por 464 servidores da Casa com vencimentos superiores ao teto constitucional de R$ 28.059,29. Segundo o TCU, foram pagos mais de R$ 300 milhões a esses servidores nos últimos cinco anos, em valores não corrigidos. (Coluna de Luiz Carlos Azedo – Correio Braziliense – 27/09)

  O Ministério Público Federal abriu inquérito para apurar a compra, por R$ 2 milhões, de uma casa pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na área mais nobre de Brasília. A investigação foi motivada por reportagem publicada em agosto pelo jornal O Estado de S. Paulo, que revelou o negócio, fechado com um empreiteiro. (Coluna 2 – jornal da Manhã – 28/09)

 “Há quem acredite que o Brasil está rico, poderoso, soberano, solidário, mas 43% dos alfabetizados não sabem ler, mais da metade das cidades não tem esgoto tratado, 1/3 das Câmaras Municipais, Assembleias Estaduais e Congresso Nacional estão nas mãos de processados ou condenados pela Justiça. O que esperar dessa gente ?” (Nelson Motta, escritor e jornalista)

 “Por mais revolta que nos cause, certo estava Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT e do mensalão, quando afirmou que, alguns anos depois, o escândalo seria lembrado como uma mera “piada de salão”. Uma afirmação ousada e atrevida, sem dúvida. Mas não totalmente desprovida de sentido”. (João Mellão Neto, no artigo “O julgamento que não deu em nada” – O Estado de São Paulo – 20/09)

 “Falei, falei mesmo. Até acho agora que não deveria ter o dito, né? Mas falei”. (Manoel Dias, Ministro do Trabalho, ao ser cobrado, e chamado de louco, por dirigentes do PDT por ter ameaçado detonar irregularidades de todos os partidos e governos).

  “No dia seguinte ao trânsito em julgado, o mandado está na rua”. (de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, sobre pedido de prisão de mensaleiros).

  “Defender um Judiciário mais rápido não significa querer cassar direitos de defesa. Trata-se, apenas, de impedir que o excesso de recursos eternize a impunidade”. (do editorial “Prioridade à desobstrução da Justiça”, jornal O Globo – 24/09)

 “Ninguém os conhece, mas eles existem e recebem fundos partidários (o PCO levou R$ 629 mil e PEN R$ 343 mil em 2012) e valioso tempo na televisão (R$ 850 milhões), que podem vender para quem pagar mais”. (Nelson Motta, jornalista e compositor, sobre a criação de partidos políticos no Brasil).

 “Corrupção é a mais grave de todas as violências, porque silenciosamente coletiva”. (Eduardo Portela, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras)

 “Pensando bem…corrupção no Brasil é igual a mosca: espanta daqui, aparece acolá”. (Claudio Humberto, jornalista)