Médicos de USFs decidem manter greve e já cogitam demissão coletiva

Em greve há 112 dias, os 22 médicos de USFs (Unidades de Saúde da Família) decidiram no sábado, durante assembleia na APM (Associação Paulista de Medicina), manter o movimento e já cogitam a possibilidade de demissão coletiva. Segundo o médico Alexandre Peres, membro da comissão de negociação, desde que a greve teve início, em fevereiro, cinco profissionais já pediram demissão.

Ele comenta que a categoria está sem reajuste há 11 anos e que reivindicações não são apenas salariais, mas estruturais. “Faltam agentes de saúde, remédios, equipamentos, não dá para trabalharmos nessa situação. Mesmo assim não há diálogo. Estamos atendendo 90% da população em período parcial para cumprir determinação do TRT e resguardar nossos colegas dos pronto-socorros”.

O estopim da crise foi a decisão do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) sobre medida cautelar dos médicos que exigia a devolução dos descontos salariais feitos dos grevistas pela empregadora, a Maternidade Gota de Leite.  O Tribunal decidiu na quinta-feira que a reversão dos descontos só poderá ser feita após julgamento do dissídio coletivo. “Alguns descontos chegam a R$ 3,5 mil e já tem gente pedindo empréstimo. Alguns só têm essa fonte de renda e estão trabalhando de dois a três dias em período integral para que a situação não se agrave mais”, conta Peres.

O advogado dos médicos, Marco Furlan, acredita que o julgamento do dissídio deve acontecer na próxima semana. “A nosso favor temos o parecer do Ministério Público do Trabalho de que a greve é legal, mas vou recorrer da medida cautelar.”

Estimativa é que, desde que a greve teve início, 10,2 mil consultas foram canceladas. A prefeitura foi procurada para informar se pretende negociar com os médicos grevistas, porém não se pronunciou até o fechamento desta edição.

 

Fonte: jornal Bom Dia